Por Tânia Gaspar, Docente da Escola de Psicologia e Ciências da Vida da Universidade Lusófona
O burnout resulta de um stress laboral crónico. Os profissionais com burnout sentem-se emocionalmente exaustos, pessimistas, e afastados do trabalho e de outros aspetos importantes da sua vida. Por outro lado, o burnout está associado à diminuição do desempenho, iniciativa, proatividade e intimamente ligado à doença física, saúde mental, presentismo e absentismo.
Muitas vezes o trabalhador só se apercebe da gravidade da situação quando os sintomas e o impacto social e ocupacional já são muito elevados.
Existem diversas políticas e práticas de promover ambientes de trabalho saudáveis. Cada uma destas práticas por si só é limitada na sua eficácia para melhorar o bem-estar dos profissionais. No entanto, quando combinadas num programa abrangente, há evidência que uma abordagem multicomponente conduz a resultados favoráveis relacionados com a saúde e bem-estar dos profissionais e da saúde organizacional.
Podemos identificar nove domínios de intervenção para promoção do bem-estar, gestão do stress e prevenção do burnout: 1) Conceber e gerir o trabalho de forma a minimizar os danos, reduzindo os fatores de risco conhecidos e reforçando os fatores de proteção conhecidos; 2) Promover fatores de proteção a nível dos profissionais, da equipa e da organização para maximizar a resiliência; 3) Reforçar a resiliência pessoal dos profissionais ; 4) Promover e facilitar a procura precoce de ajuda; 5) Apoiar a recuperação dos profissionais do esgotamento ou de outra doença mental; 6) Aumentar a sensibilização para o esgotamento/doença mental e reduzir o stigma; 7) Promover empowerment, autonomia e envolvimento dos profissionais na gestão do seu trabalho; 8) envolver os profissionais no processo de tomada de decisão e 9) implementar gestão de desempenho justa e de elevada qualidade.
A prevenção e intervenção devem ter em conta os diferentes atores e contextos com recurso a equipas multidisciplinares nas quais o psicólogo tem um papel central. Será necessário envolver todos na procura de boas práticas, é um processo continuo, pois, as necessidades vão-se alterando tendo em conta questões contextuais e ambientais. Tais como a pandemia, recessão, guerra, novas gerações entre outros.
«Ambiente de Trabalho Saudável deve ser compreendido de forma integral e sistémica. Pressupõe que o bem-estar e a saúde dos profissionais e da organização estejam no centro da cultura, políticas e estratégias, envolvendo todos os atores e em articulação com a sociedade». Laboratório Português de Ambientes de Trabalho Saudáveis (2023)