A Autoridade Tributária (AT) e o Ministério Público (MP) andam em cima do futebol português. A razão é simples: procuram mais de 58 milhões de euros que é a quantia em que a AT e a Segurança Social podem ter sido lesadas pelas manobras pouco claras das SAD dos três grandes no período compreendido entre 2014 e 2022, negócios ‘duvidosos’ que colocam em causa as presidências de Pinto da Costa, Luís Filipe Vieira e Bruno de Carvalho. Mas não estão sozinhos, a Gestifute, do empresário Jorge Mendes, está também sob investigação da AT, tal como Alexandre Pinto da Costa, filho do presidente do FC Porto, que é empresário de jogadores.
Foram levantados 67 mandados de busca às sedes das SAD dos três clubes, a 28 escritórios de advogados, gabinetes de contabilidade e empresas de agentes de desportivos, bem como a casas de jogadores, que foram executados por 122 inspetores tributários com o apoio de 117 militares da GNR e vários magistrados do Ministério Público.
Existe a suspeita de crimes de fraude fiscal qualificada, fraude contra a segurança social e branqueamento de capitais relacionadas com contratos de jogadores, utilização dos direitos de imagem e pagamento de comissões e circuitos financeiros que envolvem outros intermediários. Na prática, o agente que representa o jogador pode também representar a equipa ou as duas equipas envolvidas no negócio. Este modelo de transferência no futebol pouco recomendável permite aos clubes pagar menos IRC, enquanto os jogadores pagam também menos impostos.
Esta suspeita vem no seguimento das investigações iniciadas em 2019 pela Unidade dos Grandes Contribuintes, no âmbito do acompanhamento tributário ao Setor das Sociedades Anónimas Desportivas. Não é a primeira vez que estes clubes estão envolvidos emcasos de fraude e a Operação Penálti pode demorar anos a ter um desfecho.
As buscas da AT incidiram também na SAD do FC Porto e passaram pela casa do filho do presidente do clube, que tem uma empresa de representação de jogadores.
Relativamente ao Benfica, estão a ser investigados os negócios que envolveram a transferência para o clube encarnado de Vlachodimos, Chiquinho, Rafa e Gonçalo Gomes (a cujas casas também houve buscas) – todas estas contratações foram realizadas durante o longo mandato de Luís Filipe Vieira.
No caso do Sporting, existem dúvidas sobre os negócios de Bas Dost, Naldo, André Pinto, Rúben Semedo, Beto, Pimparel, Battaglia e Schelotto, uma extensa lista de jogadores contratados por Bruno de Carvalho, mas que muitos adeptos sportinguistas nunca viram em ação.