Manuel Pizarro confessou, esta sexta-feira, que falou com Eduardo Vítor Rodrigues, autarca de Vila Nova de Gaia, sobre a possibilidade de mobilidade de um técnico superior de uma outra autarquia para a Câmara de Gaia, mas nega qualquer tipo de “tratamento excecional”.
"Eu conheço a pessoa em causa, que é assistente operacional numa câmara e, a certa altura, cruzou-se comigo e pediu-me ajuda. Dava-lhe jeito mudar para a Câmara de Gaia, que era o lugar onde ele reside, e falei com o senhor presidente da Câmara sobre esse assunto, mas não pedi nada. Não pedi nenhum tratamento de exceção, nunca mais soube de nada do assunto", disse o ministro da Saúde, em declarações aos jornalistas, esta sexta-feira.
O governante adiantou que falou do funcionário "para ajudar a vida dessa pessoa", mas, sem qualquer favorecimento.
"Não tentemos complicar uma coisa que é completamente normal. Não pedi que houvesse nenhum tratamento de exceção, apenas perguntei se havia vaga para que essa mobilidade viesse eventualmente a ocorrer. E vindo a ocorrer, teria de ser nos termos da lei", disse ainda. "Tenho a certeza que não interferi nada. Sinto-me muito tranquilo com isso", concluiu.
Recorde-se que o ministro é um dos suspeitos que o Ministério Público tem na mira no processo em que foi esta semana constituído arguido o presidente da Câmara de Gaia e líder da Federação do PS-Porto, Eduardo Vítor Rodrigues. Em causa estão suspeitas da prática de crimes económico-financeiros, relacionadas com questões de contratação pública e de pessoal naquela autarquia e que estão a ser investigadas no âmbito da Operação Babel, que desencadeou uma série de buscas domiciliárias e não domiciliárias na passada terça-feira, abrangendo três inquéritos diferentes.