A Câmara Municipal de Lisboa (CML) aprovou uma moção proposta pelo PCP instando o Governo e o Metropolitano a adotarem «medidas urgentes» para mitigar os transtornos nos transportes públicos da cidade devido às obras em curso no metro do Campo Grande. Além disso, a moção aprovada na passada quarta-feira solicita esclarecimentos sobre o futuro do projeto da linha circular. A proposta foi aprovada com votos contra do PS, abstenção dos Cidadãos Por Lisboa e apoio dos restantes vereadores.
O objetivo da autarquia é que o Governo e o Metropolitano de Lisboa esclareçam de forma abrangente as declarações atribuídas ao ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, que supervisiona a empresa, sugerindo que a linha circular poderia não ser concretizada, sendo substituída por uma linha em formato de laço.
Importa lembrar que, na terça-feira, o Ministério do Ambiente emitiu um comunicado mencionando essa possibilidade, mas esclarecendo que a decisão compete ao Metropolitano. Essa proposta de transformar a linha circular numa linha em formato de laço já havia sido discutida neste mês, durante uma reunião que contou com a presença do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e o líder da Junta de Freguesia do Lumiar, Ricardo Mexia, representando uma das áreas afetadas pelo atual traçado da linha circular. O traçado atual obriga os passageiros das estações de Odivelas, Senhor Roubado, Ameixoeira, Lumiar, Quinta das Conchas e Telheiras a realizar transbordo no Campo Grande caso queiram chegar a outras regiões da capital.
A 8 de maio de 2017, foi anunciado o início das obras para a criação da linha circular em Lisboa. O presidente do conselho de administração da empresa, Vitor Domingues dos Santos, fez o anúncio durante uma conferência de imprensa, na qual estavam presentes o então ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa à época, Fernando Medina. Naquela ocasião, foi divulgado que a linha circular seria uma extensão da estação do Rato até o Cais do Sodré, com a inclusão de duas novas estações na Estrela e em Santos. O objetivo era conectar as linhas Amarela e Verde, formando um anel completo e transformando-as numa única linha circular.
O projeto de expansão consistia na construção de um túnel de dois quilómetros até a Estrela, seguido pela continuação em superfície até Santos, com a última fase da ligação entre Santos e o Cais do Sodré a ser realizada em área aberta. Todavia, a linha circular enfrentou muita oposição. Em setembro de 2021, Carlos Moedas, então candidato do PSD à Câmara Municipal de Lisboa e atual presidente, propôs uma alternativa intitulada de linha ‘em laço’. Essa proposta visava transformar a linha circular e a futura linha Amarela numa única linha em formato de laço, passando por Odivelas, Campo Grande, Rato, Cais do Sodré, Alameda, Campo Grande e Telheiras, de modo a manter conexões diretas (sem a necessidade de transbordo) entre Odivelas, o norte de Lisboa e Telheiras com o centro da cidade.
No início deste mês, o presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, Ricardo Mexia (PSD), também defendeu essa mesma ideia. Sabe-se que o custo total estimado para a expansão da linha circular, com inauguração prevista para 2024, é de 331,4 milhões de euros. No entanto, em dezembro de 2018, o custo da obra foi estabelecido em 210 milhões de euros, sendo posteriormente revisto – devido a dificuldades encontradas no decorrer dos trabalhos – em junho de há dois anos para 240 milhões de euros.