Nesta quarta-feira decorreu na NOVA SBE, em Carcavelos, a 2.ª edição da Conferência ‘Autarcas pelo Clima’ – conferência essencial para as autarquias aprofundarem o seu conhecimento e as estratégias de desenvolvimento sustentável tendo em conta os principais cenários e respetivos riscos considerando a relação de proximidade com os seus concidadãos, sendo elas a primeira estrutura governamental a ter impacto nas suas vidas.
Este é um esforço que temos de ser capazes de fazer agora, se queremos preservar o planeta e mostrar o mínimo de solidariedade face às gerações dos nossos filhos e netos. É tempo de agir. Amanhã é tarde.
A batalha é feita nas cidades, visto que estas são responsáveis por 75% de emissões a nível mundial. É urgente serem implementadas ações que ajudem o ambiente, porque o custo de não agir é muito mais caro do que o de agir.
E por falar em custos, também que fique claro que não é um recurso que escasseie, já que os financiamentos europeu, nacional, local, do setor financeiro e até do empresarial não irão faltar. A falta de financiamento também não é desculpa para não agir.
Com as sociedades em crise por variados fatores, só há um caminho, o de criar uma economia mais verde que nos garantirá sustentabilidade e soberania no longo prazo, a par de uma necessária mudança de atitude.
Dada a ameaça real das alterações climáticas, que já se fazem sentir com o aumento do nível das águas do mar, incêndios florestais, entre outros fenómenos naturais, apostamos em ações preventivas, para a mitigação e adaptação a estes fenómenos. Tornar o município mais resiliente às alterações climáticas com o contributo de projetos dos cidadãos, de qualquer dimensão, foi sempre o nosso principal foco.
É hoje claro que a transição para uma nova era será muito dura para determinados setores das nossas economias. Estamos a falar de empregos e de pessoas, em última análise. Além disso, decidir matérias desta complexidade por unanimidade é uma tarefa de grande magnitude. Acresce a isto o facto inescusável de que toda a política é essencialmente local.
As cidades não são estáticas, são organismos vivos, mudam e crescem, adaptam-se – com o planeamento sustentável e o desenvolvimento económico solidário gerador de prosperidade para o maior número. Uma agenda de sustentabilidade é um imperativo de cidadania, do moderno planeamento urbano e também de uma nova economia mais solidária.
É sob a égide da moldura dos ODS – tão universal quanto consensual – que Cascais continuará a trilhar o caminho da revolução verde. Ela é visível em muitos domínios da vida económica e social. Seja na mobilidade sustentável – uma rede de transportes públicos gratuita e com autocarros de última geração, incluindo os movidos a hidrogénio; seja na redução dos resíduos em aterro, com um inovador projeto de reciclagem (o iREC) que já desviou milhares de garrafas de plástico das lixeiras; seja nos ecocentros móveis que criaram novos circuitos dedicados de reciclagem para toneladas de eletrodomésticos, livros, discos e outros; seja nas três piscinas municipais que, com sistemas mais inteligentes, poupam 10 mil metros cúbicos de água por ano. A aposta em acelerar a transição energética com o envolvimento da comunidade, seja pela plantação de florestas marinhas como já estamos a fazer, ou ainda na aposta que tem tido excelentes resultados, no aumento da biodiversidade, quer a nível da fauna, quer a nível da flora.
É urgente que todos compreendam que a pandemia climática não será ganha se os cidadãos não forem aliados nesta causa. Todos podem fazer a sua parte mudando os seus padrões de consumo e de hábitos.
Em Cascais o caminho faz-se caminhando. Com ambição e coragem. A nossa revolução verde não será travada. A democratização da qualidade de vida é inegociável.
Todos temos de cuidar da nossa casa comum.