Antes do início do concerto mais esperado do primeiro dia do festival Primavera Sound, falamos claro do rapper de Compton, Kendrick Lamar, uns jovens discutiam ao nosso lado quem era o melhor artista de hip-hop contemporâneo.
Alguns nomes que ouvíamos incluíam J. Cole, indiscutivelmente em segundo lugar, segundo os jovens, mas também 21 Savage ou Joey Badass.
Mas havia algo que permanecia um facto escrito em pedra para estes melómanos: Kendrick Lamar é o melhor rapper da atualidade e bastou os primeiros versos de N95 – “Hello, new world, all the boys and girls / I got some true stories to tell” – para o mar de fãs, vestidos com capas de chuva completamente encharcadas, devido às chuvas patrocinadas pela Depressão Óscar.
Ao longo das quase 1h30 de concerto, o rapper, que no ano passado editou o aclamado Mr. Morale & The Big Steppers provou porque é que continua a ser um dos principais (se não o maior) artistas dentro da música popular.
Com músicas que apelavam a momentos mais contemplativos, Worldwide Steppers, momentos dançáveis, Die Hard, músicas que chegavam a roçar a balada mais românticas, LOVE., a eclética discografia repleta de grandes narrativas, m.A.A.d city, serviu para garantir uma resposta efusiva da audiência que (bem tentava) acompanhar os versos do rapper, onde, em muitas ocasiões, nem sequer era possível ouvir o músico, devido ao vociferar dos seus fãs.
Antes do final do concerto, Kendrick agradeceu a persistência e perseverança de todos aqueles que aguentaram a chuva para o ver, brindando a audiência com uma participação especial de Baby Keem, rapper que tinha atuado horas antes e que é seu primo, oferecendo os seus talentos em faixas como family ties.
Juntos, encerraram o concerto com Savior, levando os muitos fãs do rapper a voltar para casa com um sentimento de satisfação, ou então (para os mais corajosos) em direção ao palco Vodafone para ver ¥///0 $#£[[ \/\/&$ #£>3.
Poucas horas antes de Kendrick subir ao palco, naquela que ficou a sensação de ser o primeiro concerto mais animado da noite, onde se sentia o burburinho, a energia no ar e a ansiedade da sua audiência, foi o próprio Baby Keem.
Apesar de ainda curta carreira do rapper, o seu primeiro disco, The Melodic Blue, foi lançado em 2021, este provou porque é que é uma das maiores promessas do hip-hop, com uma grande energia e alguns momentos de improviso.
A resposta dos fãs foi muito positiva, acompanhando as suas canções e sempre respondendo com grande efusividade aos momentos mais pulsantes do concerto.
Mesmo não estando diretamente ligado ao som do hip-hop, quem esteve no primeiro dia do festival do Porto foram os Comet is Coming, trio de jazz moderno do Reino Unido, apresentou-se no Palco Vodafone.
Com a ingrata tarefa de tocarem entre os dois principais nomes do dia, Kendrick e Keem, estes homens que gostam de levar o jazz aos confins do espaço sideral conseguiram angariar uma boa quantidade de fãs que acompanharam a sua música com uma afincada lealdade.
Para além destes artistas, o cartaz esteve recheado de diversas artistas que vieram mostrar o seu lado mais indie tingindo com uma eletrónica dançável, caso de Georgia, que apresentou uma cover de Running Up That Hill de Kate Bush, ou Alisson Goldfrap, com melodias que podiam ter sido retiradas tops de êxitos dos anos 1980.
O festival continua esta quinta-feira, dia 8 de junho, com artistas como Rosalía, Fred Again…, Japanese Breakfast ou Mars Volta.