Futebol ofensivo para chegar ao título que falta

Portugal vai apresentar uma seleção de excelência frente à Geórgia no jogo de estreia no Campeonato da Europa de Sub-21, a única competição que Portugal nunca ganhou.

por João Sena

O museu da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) está bem recheado de troféus, mas ainda há espaço para a taça referente ao Campeonato da Europa de Sub-21, que se realiza na Geórgia e Roménia. Há muito que várias gerações de jogadores têm demonstrado a sua qualidade nas grandes competições internacionais. Portugal ficou perto da consagração por três vezes, mas perdeu as finais de 1994, frente à Itália, 2015, com a Suécia, e 2021, contra a Alemanha.

A atual seleção tem grande qualidade, como ficou demonstrado na fase de apuramento, onde se sentiu confortável a atuar com dois sistemas de jogo diferentes que estão na base das dez vitórias, com 41 golos marcados e apenas três sofridos. Depois desta demonstração, os rapazes só têm de aproveitar a embalagem da qualificação, honrar as quinas que levam ao peito e fazer um grande europeu. Portugal tem um treinador experiente e jogadores de alto nível, que sabem controlar todos os momentos do jogo com grande frieza, agora é preciso demonstrar em campo que somos melhores a nível individual e coletivo.

A primeira prova de fogo é na terça-feira, dia 21, frente à Geórgia, uma seleção sem grande currículo internacional; segue-se os Países Baixos (dia 24), uma equipa muito técnica e que pratica um  futebol semelhante ao nosso, e a Bélgica (dia 27), uma seleção perigosa que aposta muito no contra-ataque. Os jogos disputam-se às 17 horas portugueses e têm transmissão televisiva na RTP e Canal 11.

Os responsáveis nacionais tiveram tempo suficiente para estudar os adversários. O histórico das partidas com estes adversários é muito variado. Com a Geórgia, Portugal fez apenas um jogo e goleou. Contra os Países Baixos realizou 15 partidas, conseguiu cinco vitória, cinco empates e outras tantas derrotas, frente à Bélgica jogou nove vezes, obteve dois triunfos, cinco empates e perdeu duas vezes.

Estar presente na fase final de um campeonato da Europa é sempre um momento marcante para qualquer jogador jovem, foi para isso que trabalharam durante dois anos, e pode mudar a sua vida já que o scouting dos grandes clubes vai estar em peso nesta competição.

O selecionador nacional Rui Jorge revelou as mais-valias da equipa portuguesa. «Ficou demonstrado na qualificação que o nosso estilo de jogo, a segurança com bola, a criatividade, a inteligência no jogo são os aspetos mais fortes da seleção e que nos podem permitir discutir o resultado contra qualquer equipa», frisou. Rui Jorge disse ainda ser importante que «contra equipas fisicamente mais fortes e com jogadores mais rápidos do que os nossos, prevaleçam as nossas qualidades». Sem o afirmar abertamente, o selecionador considera Portugal um dos principais favoritos a vencer a competição na medida em que o foco vai estar em demonstrar a qualidade individual e coletiva da equipa: «Se o fizermos e se jogarmos bem estaremos próximos de conseguir um título que tanto desejamos».

 

Experiências passadas

Francisco Trincão participou na fase de apuramento para o europeu de Sub 21 de 2021, mas viria a falhar a fase final porque teve um contacto considerado de alto risco pelas autoridades de saúde durante o estágio e foi afastado da seleção, recorde-se que estávamos em plena pandemia. O jogador acabou por não participar porque o colega de quatro testou positivo à covid e, apesar de nunca ter estado infetado, foi considerado um contacto de alto risco e teve de abandonar o estágio.

Fez parte da geração que foi campeã europeia de Sub 17 e de Sub 19 e falou do espírito de conquista nas seleções mais jovens: «Havia nesse grupo grande vontade de ganhar e de fazer história. Sempre acreditámos que íamos conseguir».

Depois desse momento histórico, Trincão foi convocado para o Euro de Sub 21. «É sempre um orgulho representar o país nas grandes competições». Trincão explicou como é que um jogador se prepara uma competição onde a margem de erro é mínima e há grande pressão por defrontar as melhores equipas da Europa. «A responsabilidade é maior porque está um título em jogo, mas temos de encarar que encarar todos os jogos com uma única ideia que é entrar em campo para ganhar, essa sempre foi a nossa mentalidade», disse o extremo que chegou a internacional A.

Depois da satisfação de ser convocado, veio a desilusão por culpa da maldita pandemia. «Queria muito disputar essa competição até porque tinha feito poucos jogos como titular ao longo de época e queria valorizar-me». O campeonato foi visto à distância: «É sempre pior ver os jogos de fora, quando estamos em campo podemos controlar tudo, por isso é que eu não vejo muito futebol». Fez parte de uma geração habituada a vencer e não esperava a derrota na final. «Pelo domínio que tínhamos nos jogos anteriores acreditava que ganhava. A seleção tinha muita qualidade. Havia grande entreajuda entre todos e o nível de exigência era sempre elevado». Francisco Trincão acredita que Portugal pode, finalmente, vencer: «Há jogadores que vão fazer o segundo europeu e que têm grande experiência e que podem ajudar os outros nos momentos decisivos. Espero que façam um grande europeu e que sejam campeões».