Milhares fugiram do conflito no Sudão para o sul do país, onde chegam milhares por dia, lutam agora pela sobrevivência em centros de trânsito.
Este alerta foi feito pela organização internacional Médicos Sem Fronteiras, numa altura em que entre 800 a 1.000 pessoas chegam a Renk, o principal centro de trânsito, já sobrelotado e que acolhe atualmente mais de 12 mil pessoas.
"Os estados do Alto Nilo e do norte de Bahr El Ghazal, em particular, enfrentam um grande fluxo, e a resposta humanitária está sobrecarregada", disse a chefe de missão dos Médicos Sem Fronteiras, Jocelyn Yapi, no Sudão do Sul.
Os responsáveis desta organização alertaram para as más condições de vida nos campos de trânsito que está a refletir um impacto negativo na saúde das pessoas, que pode vir a ter consequências catastróficas devido à estação chuvosa, acrescentando também que podem vir a surgir surtos de doenças e uma catástrofe sanitária que pode colocar em risco a vida de milhares de pessoas.
"Não temos comida", referiu o retornado, Anyr Mathok Deng, que dorme num armazém perto do rio na cidade de Renk, depois de regressar ao país após 40 anos a viver no Sudão, referindo que "as pessoas não querem ficar aqui".
"Estão tão desesperadas para sair que estão prontas para vender as roupas e até ficar nuas se precisarem para conseguir o dinheiro para pagar o transporte", disse Deng.
O violento conflito no Sudão coloca o exército do general Abdel Fattah al-Burhan, o líder de facto do Sudão, e o seu adjunto e opositor, o general Mohamed Hamdane Daglo, que comanda as forças paramilitares de apoio rápido.
Estes combates foram despoletados devido ao fracasso das negociações para a integração dos paramilitares nas forças armadas, no âmbito de um processo de transição política no Sudão.