por Raquel Paradela Faustino
Jurista e Porta-voz do CDS-PP
No passado sábado, fez 6 anos da tragédia de Pedrógão Grande. Nos dias que lhe sucederam, as promessas e intenções para o futuro foram muitas e para António Costa aquela seria uma região exemplo para o país. Naquela altura disse. «Começámos a preparar aquilo que de estrutural tem de ser feito. Temos de usar este território para fazer um projeto-piloto no que é estrutural, no reordenamento da floresta, na revitalização do Interior».
Acrescentando, extraordinariamente, que «a pior coisa que pode acontecer é a floresta crescer como estava, porque hoje todos sabemos bem que deixar a floresta crescer livremente é criar condições para que ela seja combustível».
Infelizmente, o pior que podia acontecer, foi efetivamente aquilo que aconteceu.
Os habitantes de Pedrógão que, pelos mesmos locais da tragédia têm de passar diariamente, viram, ao longo destes seis anos, a inércia e o desprezo de um Governo pelos problemas reais do país.
Ao longo destes seis anos, assistiram à livre regeneração da floresta, dominada pelo eucalipto e à proliferação nos terrenos das acácias, altamente combustíveis. Dentro de um ou dois anos as copas dos eucaliptos já terão o mesmo tamanho e proximidade que tinham em 2017. Da parte do Governo ficou por ser feita a ordenação, a limpeza e o acompanhamento da floresta.
Dos vários milhões que foram angariados (entre donativos e apoios) para a reconstrução de Pedrógão, são os próprios habitantes que olham ao seu redor e não conseguem identificar onde foram aplicados, não existem grandes evidências de um investimento que corresponda à dimensão dos valores recolhidos.
Apesar dos esforços feitos, muitas das famílias continuam a lutar para reconstruir as suas vidas e as suas comunidades, precisando de um apoio contínuo do Governo e das organizações envolvidas.
Além disso, a prevenção e o combate a incêndios florestais exigem investimentos significativos em recursos humanos, equipamentos e infraestrutura. A par da implementação de medidas efetivas de prevenção, como a limpeza das áreas florestais e o planeamento adequado do uso do solo, é essencial a coordenação e comunicação entre as entidades responsáveis pela gestão de emergências, garantindo uma resposta rápida e eficiente.
Recorde-se que em 2017 o SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal) utilizado pela Proteção Civil, não funcionou adequadamente, tinha uma cobertura e capacidade totalmente insuficientes.
O desalento porque passam todos os dias os habitantes de Castanheira de Pera, Góis, Pampilhosa da Serra, Sertã e Figueiró dos Vinhos é bem palpável e comparável ao desalento que todos sentimos ao ver Portugal como está. Um país com um interior abandonado, que é hoje, cada vez mais, um sorvedouro das famílias e das empresas portuguesas, sem grandes evidências de retorno para a sociedade. Sem investimento, ordenação e planeamento na governação e desígnios de um país, que serve cada vez mais os interesses de quem dele se quer servir.