por João Sena
Foi seguramente a pior exibição da era Roberto Martínez. No final da partida frente à Bósnia, o selecionador nacional justificou a modesta exibição com a fadiga mental. Não é no espaço de três dias que se recupera desse cansaço e o jogo seguinte frente à Islândia foi ainda menos conseguido.
Apesar de ter melhores jogadores, Portugal nunca logrou o domínio do jogo perante um adversário que lutou pela sobrevivência e até teve oportunidades para marcar. Portugal entrou bem, mas foi caindo de rendimento. A equipa esteve desligada, correu pouco, praticou um futebol inconsequente, com muitos passes falhados, e a dupla de choque Cristiano Ronaldo/Rafael Leão não fez qualquer mossa na defesa islandesa. O movimento de alguns jogadores dentro do campo foi confuso, reflexo, talvez, de uma longa temporada. Foi nesse cenário que Portugal chegou à vitória aos 89 minutos, por Ronaldo, marcou o 123.º golo pela seleção, numa altura em que a Islândia jogava com menos um jogador devido a expulsão. A equipa nacional tem aproveitado o facto de estar num grupo simpático ((Bósnia e Herzegovina, Islândia, Luxemburgo, Eslováquia e Liechtenstein) para vencer jogos, mas o futebol de ataque que empolga os adeptos e impõe respeito aos adversários, prometido pelo técnico espanhol, ainda não se viu.
Portugal conseguiu pela primeira vez quatro vitórias consecutivas numa fase de apuramento para grandes competições internacionais e lidera o grupo só com triunfos e sem golos sofridos. Tem dois pontos de vantagem sobre a Eslováquia e, como são apurados os dois primeiros classificados, o Europeu da Alemanha está cada vez mais próximo. Têm sido melhores os resultados do que as exibições mas, no fundo, esse é o objetivo maior de selecionador, jogadores e de todo o staff da Federação. O selecionador Roberto Martínez reconheceu que «foi uma vitoria difícil» e explicou porquê: «Não é fácil jogar no final de época com apenas 72 horas de intervalo. Os jogadores mostraram caráter ganhador e não sofrer golos deu-nos a oportunidade de ganhar. A Islândia fez um futebol direto e acabou por um bom jogo para crescermos como equipa. Estes jogos difíceis permitem ter maior clareza sobre como devemos jogar». O técnico falou ainda de Cristiano Ronaldo: «Foi uma celebração [das 200 internacionalizações] única e perfeita com o golo que deu a vitória. É um exemplo de talento, esforço e dedicação».
As férias só podem fazer bem aos craques portugueses. No regresso, em setembro, Portugal vai ter de melhorar muito a dinâmica coletiva da equipa e apresentar um futebol de maior qualidade para poder ser encarado com um candidato a sério caso confirme, como tudo indica, o apuramento para o Euro 2024.
A equipa das quinas joga dia 8 de setembro, na Eslováquia, e recebe o Luxemburgo, dia 11 de setembro, no Estádio do Algarve.
CR7 no Guinness
Cristiano Ronaldo está um jogador diferente na seleção – nunca se viu tamanho sentido altruísta como agora – e continua a ser perseguido pelos recordes, como gosta de frisar. Na Islândia, festejou a 200.ª internacionalização e foi, naturalmente, homenageado pelo feito, até a delegação islandesa lhe ofereceu um belo bouquet de flores em pleno relvado. Para recordar e ficar escrito no Livro dos Recordes. Com um registo menos belicista, o capitão da seleção disse sentir «muita felicidade por atingir esta marca e por ter marcado». Sobre o jogo, reconheceu: «Não estava à espera de tantas dificuldades, é uma equipa muito física que pratica um futebol direto e deu muita porrada. Foi um jogo feio, mas nem sempre podemos jogar bem. Acreditámos até ao fim, é assim que se conseguem qualificações, quero continuar a ser útil à seleção».