Câmara aprova obras de Ronaldo

Cristiano Ronaldo conseguiu em março o licenciamento da Câmara de Lisboa para construir ‘uma pérgola para ensombramento, não coberta’ no lugar da célebre ‘marquise’

Desde 2021 que tem feito correr muita tinta. A célebre ‘marquise’ que Cristiano Ronaldo mandou construir no topo do edifício Castilho 203, onde possui um apartamento que terá custado cerca de 7 milhões de euros, tornou-se alvo de discussão pouco tempo depois de ser fotografada.

Recorde-se que, na altura, o arquiteto José Mateus, cofundador do atelier ARX e responsável pelo desenho do edifício, mostrou o seu desagrado nas redes sociais, criticando o acrescento do futebolista à sua obra, acusando-o de ter feito a marquise sem o licenciamento da Câmara de Lisboa e sem ter o aval dos arquitetos e do condomínio. O arquiteto prometeu «não ficar parado a assistir ao que considera ser um atentado arquitetónico». 

E não foi preciso muito até a obra ser demolida, já que o craque português tinha sido notificado pela Câmara Municipal de Lisboa «para proceder à reposição da legalidade urbanística», ou seja, alterar a ‘marquise’ ou demoli-la. A construção foi alvo de uma vistoria no dia 1 de julho, com a presença do arquiteto. Ronaldo foi depois notificado a 21 de julho para regularizar a situação até ao início de agosto.

Agora, em março passado, CR7 conseguiu o licenciamento da Câmara de Lisboa para construir «uma pérgola para ensombramento, não coberta» e, pelo que o Nascer do SOL apurou, a obra já está concluída, sendo que, desta vez, com tudo legalizado. O Daily Mail já havia avançado com a notícia da nova obra, tendo acrescentado que a construção da pérgola teria de ser feita até julho. 

Atentado arquitetónico

O projeto inicial para o espaço, em 2021, incluía, por exemplo, uma piscina e um espaço lounge no exterior. No entanto, as fotografias que começaram a circular nas redes sociais, tal como um vídeo publicado por Georgina revelaram a presença de uma estrutura metálica no topo da penthouse. Perante isso, o arquiteto José Mateus escreveu no seu Facebook: «Há cultura, há autorias, há regras, há respeito pelos outros e pelo trabalho dos outros, há civismo, há princípios que não admito que sejam atropelados. Seja por quem for». «Inúmeras vezes vibrei com a arte de CR7, emocionei-me com os seus golos extraordinários. Hoje marcou um autogolo, aquele que me ficará gravado para sempre, na minha arquitetura, e sob a forma de um profundo desprezo».

No ano em que o verniz estalou, João Francisco Sá, da Inventa International, garantia ao i que, se efetivamente não houve um pedido de autorização de Cristiano Ronaldo ao atelier ARX, como parecia ser o caso, o craque poderia ter incorrido numa ilegalidade. «Estas situações são sempre boas para alertar para o tema dos direitos de autor. A obra de arquitetura é protegida por direitos de autor e não pode ser alterada sem autorização dos autores», começou por explicar. «Sobre os direitos de autor há aqui uma questão ilícita», continuou. «O que é facto é que, do ponto de vista do direito de autor, era obrigatório que houvesse um pedido prévio da alteração da obra. O Cristiano, ou alguém em seu nome, deveria ter pedido ao arquiteto antes de fazer a alteração. Este é o ponto basilar da discussão toda», frisou. 

A penthouse de luxo de Ronaldo tem uma vista de 360 graus sobre a capital. Conta com três quartos, duas piscinas (uma interior e outra exterior), ginásio, sauna e cinema. O edifício residencial situado no coração da capital pertence à Vanguard Properties e conta com um total de 19 apartamentos de luxo. Segundo o Idealista, o apartamento tornou-se a propriedade mais cara da história do país quando CR7 o comprou, em julho de 2018.