Dois homens detidos no sábado, em Almada, acusam a PSP de agressão e sequestro. Pai e filho estão indiciados por agressões a agentes da autoridade num concerto nas festas da cidade e vão ser ouvidos, esta segunda-feira, pelo Ministério Público, mas não só negam comportamentos violentos, como dizem ter sido eles as vítimas da polícia.
Num comunicado sobre o caso, a PSP adiantou que os detidos se tornaram “violentos para com os polícias, tendo-os injuriado, ameaçado e agredido com pontapés" e confirmou que ambos foram assistidos pelos bombeiros, já nas instalações policiais “devido a escoriações resultantes dos desacatos em que haviam estado envolvidos" e que pediram para ir ao hospital, onde "foram conduzidos" e "permaneceram entre as 00h15 e a 01h30 sob acompanhamento policial".
Aquela força de segurança relatou que a PSP foi chamada durante o concerto para a zona do palco “por se encontrarem dois indivíduos a tentar aceder a uma área reservada aos artistas" e, quando os agentes chegaram ao local, viram um dos homens (o filho) “a atirar-se para o chão enquanto três assistentes de recinto de espetáculos o tentavam acalmar".
E acrescentaram: "Mesmo na presença da PSP, ambos os indivíduos continuaram a ameaçar os assistentes, manifestando comportamento bastante exaltado e descontrolado, apresentando fortes indícios de estarem alcoolizados", lê-se no comunicado, onde vem referido que foi pedido aos dois que abandonassem o local, mas que estes recusaram fazê-lo.
"A partir desse momento, tornaram-se violentos para com os polícias, tendo-os injuriado, ameaçado e agredido com pontapés, motivos que levaram à detenção dos dois suspeitos", alegou a PSP.
No entanto, os detidos apresentam uma versão diferente. "Estava no local há dois ou três minutos e sou expulso por um segurança e foi aí que tudo começou. Fui logo agredido por um PSP com um soco na cara. O meu pai, que tem 62% de incapacidade, foi-me socorrer. Fomos algemados e levados para a esquadra de Almada", adiantou o detido mais novo, à agência Lusa.
Segundo o mesmo detido, os polícias "não alegaram nada" para os deter os dois homens e tiraram-lhes as carteiras e os telemóveis, antes de os levarem para a esquadra onde ficaram "sequestrados" até "cerca das 03h" de domingo.
O pai, também detido, adiantou que foi "em auxílio" do filho quando este "se terá desentendido com um segurança" ao sair da zona de bastidores do concerto, para onde tinha sido "devidamente autorizado", e que "foi nesse momento que começaram as agressões".
Pai e filho foram notificados para comparecer esta segunda-feira no Tribunal Judicial de Almada, para serem ouvidos pelo Ministério Público.