A esquerda radical e libertária procura impor-se como dona absoluta da verdade, de cuja exclusividade se entende detentora, e quer-nos fazer crer de que está acima de qualquer suspeita quanto à superioridade moral de que se arvora, quando comparada com as restantes confissões políticas.
Comportamentos inaceitáveis em sociedade somente podem ser imputados aos que não se enquadram no pensamento professado pelos seus activistas, uma espécie de bons samaritanos que só não se encontram próximos da santidade, porque o seu ódio a Deus não lhes permite assim serem rotulados.
A esta esquerda extremista, que em Portugal foi acolhida no seio do bloco para o qual convergiram os principais partidos e movimentos saudosistas da Albânia de Enver Hoxha, têm oferecido a cara algumas das supostas eminências pardas do regime, as quais se têm auto-intitulado como ideólogas das ideias disseminadas por essas mentes destorcidas.
Destaca-se, pelo protagonismo que sempre ansiou possuir, um sociólogo que responde pelo nome de Boaventura Sousa Santos.
Este personagem esteve na génese de um denominado Centro de Estudos Sociais, com sede em Coimbra e que viu a luz do sol, pela primeira vez, nos idos anos setenta do século passado, e cuja sobrevivência e longevidade se deve, apenas e só, à generosidade do Estado, leia-se contribuinte, que o tem vindo a obsequiar com largas centenas de milhares de euros ao longo das última décadas.
Esta agremiação identifica-se como uma instituição científica dedicada à investigação e à formação avançada nas ciências sociais, nas artes e nas humanidades, mas o seu propósito tem sido somente o de propagandear os ideais de Marx e Engels, os quais, reconhecidamente, tiveram como único resultado a condução à extrema pobreza das populações dos países onde foram implementados.
Sousa Santos, apesar de ser endeusado pelos seus fiéis seguidores, bem como por uma grande parte da nomenclatura do regime, nunca apresentou uma simples ideia válida que pudesse resultar num contributo para a melhoria das condições de vida dos portugueses.
Pelo contrário, as teses que argumenta como salvadoras resultaram sempre num rotundo fracasso nos lugares onde foram experimentadas.
Não passa, por isso, de uma fraude ao nível do pensamento e das convicções pessoais, algo de que qualquer cabeça minimamente inteligente não o soubesse já!
Mas agora, todos ficámos a saber que é igualmente uma fraude no que respeita à tal superioridade moral de que toda esta esquerda se orgulha, considerando que o seu comportamento se tem pautado nos mesmos termos daqueles contra quem os seus mais acérrimos discípulos se têm empenhado numa campanha condenatória.
As acusações de assédio sexual e moral com que foi recentemente brindado não assentam em denúncias anónimas e não fundamentadas, mas sim partem de antigas alunas que com ele privaram de perto e que agora não recearam dar a cara e expor publicamente a sua lamentável conduta.
E Boaventura julgou-se suficientemente esperto para somente assediar estrangeiras, convencendo-se de que assim que estas retornassem aos seus locais de origem as suas tramas cairiam no esquecimento, mas enganou-se redondamente ao desvalorizar uma verdade, a de que mulher ferida não esquece nem desarma!
Assim que surgiram as primeiras denúncias, o sociólogo libertário mostrou logo o seu verdadeiro carácter, ao negá-las com a mesma convicção com que os comunistas desmentem os crimes praticados por Estaline!
Mas foi ainda mais longe, atribuindo ao neoliberalismo a responsabilidade pelo propagandear do que considerou calúnias.
Extraordinário! As antigas alunas que puseram a descoberto o seu comportamento predador podem ser catalogadas como portadoras de diversos vícios, mas, obviamente, nenhum destes estará relacionado com a fé em qualquer crença que se afaste do marxismo-leninismo.
Todas, sem excepção, navegam nas mesmas águas em que o seu antigo professor se deixa afogar, pois foi precisamente esse o motivo que as levaram a escolher aquele antro vocacionado para o aprofundar das ideias da esquerda totalitária.
Quando tomou consciência do disparate em que se enrolou, Sousa Santos mudou repentinamente de discurso, vindo a terreiro admitir que teve comportamentos referenciados hoje como censuráveis, mas que, no seu entender, antigamente não só não eram vistos como inapropriados, como até eram aceites pela sociedade.
O cúmulo da hipocrisia, vindo de quem está amarrado a uma corrente política que questiona a toda a hora o tipo de vivência dos nossos antepassados, exigindo que as gerações actuais peçam perdão pelo comportamento das que nos antecederam.
Gente provida de palas, que se recusa a aceitar que o passado não pode ser compreendido aos olhos da realidade contemporânea, fingindo desconhecer que muitos dos pecados de hoje eram acolhidos como virtudes nos tempos idos.
Fanáticos que querem reescrever a História, reclassificando como bandidos os heróis que se notabilizaram por engrandecer o nome de Portugal.
Censores sem escrúpulos, que se têm entretido a alterar a escrita dos mais notáveis autores que o mundo conheceu, com o argumento de que estes recorriam a linguagem que o pensamento único dominante não tolera.
Boaventura faz parte desta seita, mas, como não podia deixar de ser, ao contrário do que aos outros exige, considera-se acima de que as suas atitudes de um passado não muito distante possam ser escrutinadas à luz da realidade moderna.
E até as meninas bloquistas, que não se têm cansado de pregar contra a Igreja, reclamando pela suspensão e castigo imediato de sacerdotes sob os quais recaem apenas denúncias anónimas de fiabilidade zero, deixaram-se agora arrastar para um silêncio cúmplice, cujo único propósito é o de branquear os assédios que ao seu mestre são apontados.
É a hipocrisia no seu máximo esplendor!
Mas a podridão moral deste falso paladino das boas virtudes atinge contornos bem mais funestos, porque a criatura recusa-se a assumir a prática de actos graves, porque não os reconhece como inaceitáveis, provando, com essa sua soberba, que vergonha e arrependimento são valores desconhecidos do seu léxico.
De todo este folhetim ressalva-se, no entanto, uma compensação, a de que as investidas do sociólogo não terão sido bem sucedidas, acreditando na palavra das denunciantes.
Ao contrário do Don Juan de Sevilha, que conquistava as mulheres através do seu charme e encanto, esta espécie de Don Juan de Coimbra não logrou mais do que afungentar as presas que cobiçou!