Whitesnake – Come an’ Get It

David Coverdale encontra aqui o seu lugar de conforto, rodeado de uma banda que integra dois elementos fundadores dos Deep Purple (bateria e teclas), bem como o próprio, que chegou a ser o seu “frontman” por uns anos (aquando da ausência de Ian Gillan), e outros três monstruosos músicos de estúdio, no baixo e nas…

Whitesnake – Come an' Get It
1981

Vocais – David Coverdale
Guitarra baixo – Neil Murray
Piano e outras teclas – Jon Lord
Bateria – Ian Paice
Guitarra – Mick Moody
Guitarra – Bernie Marsden

Produzido por Martin Birch
 

Por Telmo Marques

Primeiro ponto. Nunca fui "grande " fã de Whitesnake. Segundo ponto. Nunca fui igualmente entusiasta de Deep Purple, se exceptuarmos o "Made in Japan", mas ouvindo este álbum de fio a pavio, encontram-se pérolas reminiscentes destas duas bandas, o "hard rock" dos Purple, e o "R&B" dos Whitesnake, antes de se transformarem nos Bon Jovi dos pobres.

David Coverdale encontra aqui o seu lugar de conforto, rodeado de uma banda que integra dois elementos fundadores dos Deep Purple (bateria e teclas), bem como o próprio, que chegou a ser o seu "frontman" por uns anos (aquando da ausência de Ian Gillan), e outros três monstruosos músicos de estúdio, no baixo e nas guitarras.

Como escrevi anteriormente, foi o primeiro e único álbum que ouvi de princípio ao fim de Whitesnake, talvez por estar na estante de discos de casa dos meus pais quando era ainda um mero "teenager", e em que a curiosidade e descoberta andavam quase sempre de braço dado.

Quanto a mim, o "highlight" do lado A deste álbum é o tema "Wine, Women and Song", começando com um "boogie woogie" piano por parte de Jon Lord, e com uma letra fabulosa de Coverdale.
Fica abaixo apenas um pequeno cheirinho:

"I ain't an educated man
As all you Fleet Street preachers know,
It's just the simple things in life
Get my motor running, ready to go
If I can make you smile
I will raise my glass,
An' if you don't like it
Then, baby, you can kiss my ass!
You can tell me it's wrong,
But, I love wine, women an' song…"

Não sendo propriamente Shakespeare, é uma letra que encaixa perfeitamente nos parâmetros de uma banda rock, incluindo toda a mitologia inerente aos excessos perpetrados pelos elementos do "gang".

O lado B começa talvez com, e na minha modestíssima opinião, o melhor tema de todo o álbum, "Child of Babylon", que começando a um ritmo pausado, depressa se torna num dos mais uptempo do álbum, até com algo de mitológico à mistura, que Coverdale descreve muito bem, talvez quiçá influenciado pelo seu amigo Jimmy Page (sim, o guitarrista dos Led Zeppelin).

"On my day of judgment
I know how it will be,
I'm prepared to meet my maker
With no hope for charity
I'll stand alone and pay the price
For everything I've done,
'Cause there ain't guardian angel
For a child of Babylon…"

Convém recordar o leitor que a primeira vez que ouvi este álbum, deveria ter algures entre os oito ou os dez anos, e que invariavelmente, e como tudo na vida, os gostos permanecem em constante mutação, não representando este álbum de todo, o meu gosto musical actual, mas serviu sem sombra de dúvida para aprender a separar o trigo do joio, pro mais abstracto que isso possa parecer.

Esqueçam por momentos aquela "hair band " de meados dos '80s, azeiteira quanto chegue, e deliciem-se com algumas das pequenas jóias que poderão facilmente detectar neste álbum.

Até para a próxima semana