Arrepios escaldantes no Red Bull Showrun

Cerca de 100 mil pessoas ‘tomaram’ a Praça do Império, em Lisboa, para ver David Coul-thard a acelerar até aos 250 km/h e vibrar com as incríveis derrapagens dos BMW M4 com mais de 1000 cv.

por João Sena

O evento organizado pela Red Bull, em colaboração com a Câmara de Lisboa, deixou bem claro a paixão que os portugueses têm pela Fórmula 1. Só isso explica que espetadores de todas as idades tivessem aguentado várias horas de pé, com uma temperatura de 32 graus, para ver o ouvir o Red Bull RB7, carro com que Sebastian Vettel foi campeão do mundo em 2011. Um espetáculo inesquecível que demorou seis meses a preparar e que, devido à presença de David Coulthard, ajudou colocar Lisboa no mapa. A aceleração (0 a 200 km/h em 3,9 s), a sensação de velocidade, a sonoridade do V8 Renault (760 cv) e os famosos donuts (piões) feitos a poucos metros do público constituíram uma experiência única. A expressão mais ouvida era «até provoca arrepios» e, no final do Showrun, era visível a satisfação das pessoas. Passadas duas horas ainda havia dezenas de curiosos junto ao paddock a olhar para a ‘besta’ em descanso, enquanto a equipa arrumava a casa para partir para outro destino. O evento estava integrado no programa das festas da cidade de Lisboa. O presidente da Câmara Municipal, adepto de Fórmula 1, teve uma afirmação que deixa em aberto a possibilidade de novos eventos desta dimensão. «Isto é muito mais que desporto. É o posicionamento de Lisboa para o futuro», disse Carlos Moedas, mas não com uma segunda edição do Showrun Red Bull, pois este evento não passa duas vezes pelo mesmo sítio. Esta foi a única passagem da Fórmula 1 pelo nosso país nos tempos mais próximos, uma vez que o calendário do Mundial de 2024 está prestes a ser divulgado e Portugal continua, como esperado, de fora.

 

Ligação a Portugal

David Coulthard começou a correr na Fórmula 1 em 1994, ocupou o lugar de Ayrton Senna após o acidente mortal do brasileiro em Imola, Itália. Disputou 247 grandes prémios, obteve 13 vitórias e foi vice-campeão do mundo em 2001. Considerou a sua passagem pela Fórmula 1 «uma experiência fantástica», que o levou a todo o mundo. «Trabalhei com algumas das pessoas mais criativas e inteligentes. Tentei sempre fazer o melhor e diverti-me ao longo do caminho», disse Coulthard, que admitiu que Michael Schumacher, Mika Hakkinen e Kimi Raikkonen foram os adversários mais difíceis. Tem uma ligação especial a Portugal, esteve nos testes de pré-época com Ayrton Senna no Autódromo do Estoril (janeiro de 1994) e foi nessa pista que subiu pela primeira vez ao pódio (2.º em 1994) e venceu o seu primeiro grande prémio (1995). Atualmente, faz parte da estrutura da Red Bull no programa Showrun e é comentador de Fórmula 1.

No regresso ao nosso país, reconheceu que «é sempre uma enorme emoção voltar a Portugal!». «O meu primeiro teste com o Ayrton Senna foi no Estoril». recordou, acrescentando: «O melhor momento desta exibição foi ver a cara das pessoas e das crianças ao verem pela primeira vez um carro de Fórmula 1. Para mim, é um privilégio conduzir este carro em Lisboa». Coulthard fez questão de lembrar que Portugal tem sido importante para a Fórmula 1. «Portimão esteve disponível na pandemia, quando precisávamos de um local para correr. É bom reconhecer o contributo de Portugal no desporto motorizado», disse.

Igualmente espetacular foi a exibição de Elias Hountondji e Conor Shanahan, dos Red Bull Driftbrothers, ao volante de BMW M4 com 1040 cv de potência! que impressionaram pela velocidade, ângulos de deriva e estilo individual, alguns dos critérios mais importantes nas provas de drift. Esta modalidade nasceu nas ruas da Tóquio e tem ganho importância a nível mundial, estando na base de filmes como Velozes e Furiosos. Aras Gibieza realizou acrobacias incríveis com uma KTM sem uma única falha, até parecia que tinha quatro rodas.