Na reta final para a Jornada Mundial da Juventude, está praticamente tudo pronto para a visita a Lisboa, e não só, do Papa Francisco e de mais de um milhão de peregrinos oriundos de todo o mundo.
Ou melhor, o pouco que falta ainda há tempo para concluir sem stresses de maior, incluindo o polémico altar-palco, que acabou por ficar muito mais barato do que inicialmente previsto, como logo saudou o Presidente Marcelo.
É verdade! Já faltam só três semanas, porque é na primeira de agosto.
Depois da celeuma criada pelo facto de o orçamento inicial do altar-palco ultrapassar os quatro milhões de euros, a adaptação do projeto permitiu reduzir o custo total para menos de três milhões.
E como se logrou tamanha proeza?
Bom, com a consequente redução da estrutura, tanto em altura como em área (dizem que é menos um terço).
Ora, acontece que o altar-palco agora a terminar, é mesmo muito substancialmente mais pequeno e mais baixo do que o originário.
E com esta estrutura mais pequena e mais baixa haverá muitos milhares de peregrinos que não terão qualquer visibilidade para o dito cujo, como é fácil de constatar por uma rápida visita ao recinto (há uma elevação a uns 300 metros do altar que o esconde de quem ficar atrás dela).
Aliás, foi o próprio presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, quem imediatamente chamou a atenção para essa perda de visibilidade em consequência da revisão para o embaratecimento do plano.
O que vale é que, para todos os que não conseguirem ver o altar-palco não perderem pitada do que lá vai passar-se durante as cerimónias, a organização liderada por José Sá Fernandes, nomeado representante do Governo, tratou de providenciar ecrãs gigantes para espalhar por todo o recinto.
Convém, porém, referir que esse sistema de luz, imagem e som já estava previsto desde o início, ou seja, antes da revisão do projeto e do encurtamento e abaixamento do altar-palco.
O que é significativo, uma vez que o orçamento que vai ser gasto nesse sistema – mais as casinhas de banho que também estarão espalhadas por todo o Parque Tejo –vai custar mais do dobro daquela estrutura principal.
Sendo que o altar-palco é para ficar como definitivo, para possíveis futuras utilizações, enquanto tudo o resto é para remover mal a Jornada levante arraiais.
É no que dá a pequenez e a baixeza de quem por cá dita as regras. Ou seja, a mesquinhez à portuguesa.
Poupa-se onde não se deve, gasta-se onde e com quem se quer.
Veja-se o gigantesco passadiço que segue em paralelo ao IC2 e se prolonga de Moscavide até para lá de S. João da Talha.
Um investimento de milhões da Câmara de Loures, sem contar com os custos de manutenção para o futuro, uma vez que estas estruturas em madeira são o que são.
Sinceramente, não se percebe a obra.
Um manifesto exagero e desperdício, é o que é.
Em matéria de passadiços, Portugal dá cartas. Há-os a perder de vista de norte a sul do país, do interior ao litoral.
Mais, porventura, só as rotundas e os pinocos que inundam a separação das estradas e das ciclovias e que é um ver se te avias entre os que se aguentam e os que são decepados mal são repostos.
Um desperdício, de facto. Enfim, só mais um exemplo daqueles que, se ninguém questiona, também ninguém consegue explicar.
Valha-nos S. Francisco!
P.S.: Com centenas de milhares de peregrinos e as temperaturas acima dos 30 graus, ou a rondá-los, como se conseguirá impedir os mais afoitos de se atirarem aos rios Tejo e Trancão em busca de refrescamento? E se há riscos…