O internacional português de 24 anos está em alta. Renovou recentemente com o AC Milan até 2028, com um salário de sete milhões de euros líquidos por temporada, vai herdar a camisola 10, que já foi de Rui Costa, e conquistou os exigentes adeptos rossoneros. Tem uma paixão enorme pelo futebol e um estilo inconfundível: é veloz, poderoso e imprevisível, sempre que embala pelo lado esquerdo é certo que cria dificuldades aos defesas contrários. Em pouco tempo, ganhou a alcunha de “Mbappé português”.
Nasceu em 1999 e cresceu no bairro da Jamaica, no Seixal. É filho de pais emigrantes que se conheceram em Portugal – o pai é angolano e a mãe de São Tomé e Príncipe –, e tem cinco irmãos. Desde a infância que o futebol é a sua paixão. «Jogava à bola todos os dias. Às vezes só voltava para casa à hora do jantar com a roupa toda suja». Detestava perder e quando isso acontecia ia para casa a chorar. Apesar dos pais lhe pedirem para conciliar o futebol com os estudos, Rafael Leão sentia-se feliz era a jogar e não a estudar: «Não consegui manter o foco na educação porque queria seguir um sonho. Não tive a vida escolar que a maioria dos jovens teve», admitiu já em adulto.
Em 2006, então com 7 anos, o pequeno Rafael começou a sobressair no Amora, onde esteve três semanas, passou depois para a Associação Foot 21. Foi então que surgiu o Benfica, que ficou de olho no jovem, mas foi o Sporting que o desviou para a Academia de Alcochete em 2008. Foi um trabalho de persistência e uma operação de charme feita com base no historial da formação dos leões. Na temporada 2017/18 estreou-se na equipa principal na vitória sobre o Feirense (2-0) e venceu a Taça da Liga. No ano seguinte transferiu-se para o Lille e, em 2019, trocou o clube francês pelo AC Milan.
Foi em Milão que Rafael Leão começou a ganhar notoriedade. É autor do golo mais rápido da história do campeonato italiano ao marcar aos seis segundo de jogo. Além disso, foi fundamental no título conquistado pelo AC Milan em 2021/22.
Detesta acordar cedo, reconhece que não é muito falador e celebra as vitórias com um jantar em família ou numa saída com amigos. A fome em África e a guerra são realidades que o incomodam.
Futebol com música
O futebol e a música andam de mãos dadas na vida de Rafael Leão. O jogador divide o seu dia entre o relvado e o estúdio que tem em casa, e já mostrou talento para a música, algo que vem de família. «O meu pai era músico, chegou a fazer algumas coisas, mas nada de muito relevante. O meu tio era DJ, por isso sempre tive música em casa.
Comecei a cantar durante a quarentena. Nesses dias não tinha nada para fazer, então decidi começar a escrever e a juntar alguns instrumentais», disse à RDP África. Desde 2020, a música passou a fazer da sua rotina. De manhã treina, depois descansa e à noite vai para o estúdio fazer música, sobretudo rap. As suas principais influências estão os norte-americanos Roddy Ricch, Lil Durk e Lil Baby. Os temas que compõe espelham sentimentos e retratam a sua vida e a da família. O mês passado lançou o segundo álbum com o nome “My life in each verse”.
A dupla faceta de jogador/músico tem-lhe dado grande notoriedade. É um artista verificado no Spotify com mais de 83 mil ouvintes por mês e, no YouTube, o projeto Way 45 tem mais de 91 mil subscritores – o seu último single foi o mais visualizado até ao momento, com 1,7 milhão de views. Recentemente, esteve em Portugal a gravar dois videoclips para a MTV, uma vez que foi considerado o artista MTV Push do mês de julho. Rafael Leão esteve também em destaque na prestigiada revista norte-americana Rolling Stone.
Outros grandes nomes do futebol fizeram uma incursão pelo meio musical e não se deram mal. Pelé, considerado o melhor jogador de todos os tempos, fez dueto com Elis Regina no tema “Tabelinha”, em 1969, e, em 2016, lançou o single “Esperança”. Johan Cruyff não foi apenas uma lenda do futebol. O jogador do Ajax cantou o tema “Oei Oei Oei”, mas sem grande sucesso. O avançado Memphis Depay tem um gosto musical muito diversificado; começou pela música francesa e agora é fã de rap. Já lançou um álbum e a música “No Love” teve mais de 18 milhões de views no YouTube. Sérgio Ramos sempre gostou de cantar e tocar guitarra. Afirmou que relaxava escrevendo as suas próprias canções e participou nas músicas oficiais da seleção espanhola para o Euro 2016 e Mundial de 2018.