É a última vez que Carlos Alexandre participa numas buscas enquanto juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal (Ticão). O super juiz esteve ontem nas buscas a um escritório de advogados ligados ao esquema empresarial e financeiro montado por Armando Pereira e do seu braço direito Hernâni Antunes, na "Operação Picoas", e vai ouvir, no sábado, o fundador da Altice, permanecendo no Ticão até terça-feira da próxima semana.
O juiz de instrução vai subir para o Tribunal da Relação, sendo estas as suas últimas buscas pelo Ticão.
A greve marcada pelo Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ), obrigou, esta sexta-feira, a que vários tribunais fechassem as suas portas, naquele que é o último dia antes das férias judiciais, sendo, por isso, adiados vários processos.
No Palácio da Justiça e no Juízo de Instrução Criminal, em Lisboa, no tribunal de Sintra, Seixal, no cível de Gaia, no Local Criminal do Porto, nos tribunais de Faro, Albufeira, Setúbal, Sesimbra, Santarém e Coimbra, a adesão foi de 100%, segundo os dados que o sindicado avançou ao jornal Público.
Para além do juiz de instrução, estiveram também o procurador da República Rosário Teixeira e o inspetor tributário de Braga Paulo Silva – o ‘trio’ responsável pela Operação Marquês.
Foram quase 20 anos no “Ticão”. Carlos Alexandre participou em vários dos casos mais mediáticos dos últimos tempos, como o Monte Branco, Operação Furacão, Portucale, Face Oculta, não esquecendo BPN, BES, Remédio Santo, Labirinto, Vistos Gold e, claro, a Operação Marquês, em que o ex-primeiro-ministro José Sócrates é arguido.
Também foram detidos Melissa Antunes, antiga jogadora do Sporting de Braga e filha de Hernâni Antunes, e Abel Barbosa, contabilista do empresário bracarense – os três deverão ser presentes a juiz amanhã.
Armando Pereira é suspeito de ter feito um desvio milionário da multinacional francesa que é hoje dona da antiga PT e da MEO e a justiça continua a tentar deslindar negócios obscuros que vão de Portugal ao Dubai.