Por Raquel Abecasis
Vem aí a Jornada Mundial da Juventude, o seu Hospital de Santa Maria é o hospital de referência que tem de estar em prontidão para qualquer ocorrência com o Papa Francisco, o que é que isso implica?
Desde o Papa Bento XVI que o Hospital de Santa Maria foi escolhido pelo Vaticano como sendo um hospital de recurso na eventualidade do Papa ter algum problema de saúde.
E isso implica o quê?
Implica que eu só vou de férias no dia seis, quando o Papa levantar voo de Lisboa. Eu e os meus colegas, nomeadamente os diretores de serviço e os que têm mais a ver com esta situação. Os principais serviços do hospital. Mas faço-o com gosto, fazemos todos com gosto. Temos tido várias reuniões sobre essa situação para estarmos preparados não só para o Papa como para qualquer evento que haja. Temos uma preocupação acrescida de termos um stock de sangue de emergência maior do que é costume ter. Nós temos sempre dificuldade em cada centro, então no verão é pior. Já estou a preparar – que isso é também uma das minhas funções – de ter um stock de emergência e preparar todos os grupos sanguíneos, alguns mais especiais que outros, para qualquer eventualidade que eu estou convencido que não vai acontecer. Mas temos de estar preparados para o pior, esperando o melhor.
Aqui no hospital e junto da comitiva vai haver uma frente de emergência?
O INEM vai ter uma equipa em permanência a acompanhar a comitiva com medicamentos adequados. Temos esse trabalho já preparado. E, Papa à parte, o facto de estarem aqui entre um milhão e um milhão e meio de jovens, para nós, é um desafio e tanto. Mas estamos cá prontos para dar resposta. Depois da pandemia, nós estamos preparados para tudo. O meu maior receio, sou sincero, é que vêm muitas camionetas, porque nós temos pouca ferrovia, nomeadamente a ligação a Espanha e, portanto, virão muitos jovens a caminho e às vezes há acidentes com autocarros. Mas estamos cá para o que for necessário e esperando que haja bom senso e que corra tudo bem. É um momento importante para Portugal que se pode orgulhar de ser um dos países que o Papa mais visita. Acho que vai ser bom para os portugueses e para a juventude portuguesa, e que também nos vai ajudar a acalmar um bocado este clima e podermos pensar mais positivo. E pode ser que ajude o país.