Migrantes em situação ilegal

Em causa estão suspeitas de associação criminosa para tráfico de pessoas e auxílio à imigração ilegal, falsificação de documentos e branqueamento. Até agora, há seis pessoas em prisão preventiva. 

Começou na segunda-feira uma megaoperação da Polícia Judiciária (PJ), em cooperação com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que visa desmantelar uma associação criminosa que, a partir da capital portuguesa, é responsável pela livre circulação na Europa de dezenas ou centenas de milhares de migrantes em situação ilegal .

O esquema foi detetado no estrangeiro e as suspeitas recaem sobre mais de uma dezena de pessoas, a maioria com origem em países do sudeste asiático, da Índia e Paquistão.

A operação da EUROJUST, que envolve também a Europol e decorre noutros países europeus, como França, Espanha, Alemanha, Bélgica e Áustria, já resultou em seis detidos que ficaram na terça-feira em prisão preventiva e terá afetado pelo menos seis mil imigrantes ilegais, movimentados entre Portugal e França.

Segundo a CNN, a rede ilegal fomentava a entrada de centenas de milhares de requerimentos feitos online e pedidos de entrevistas para migrantes que solicitavam autorização de residência com base em supostos contratos de trabalho.

A rede atuava a partir de bairros em Lisboa, como por exemplo o Martim Moniz, em Vila Franca de Xira e Margem Sul do Tejo. Entre os locais inspecionados estão alojamentos locais que albergam migrantes muitas vezes em número superior à capacidade dos espaços.

Os suspeitos montaram um esquema que «entupia» o sistema automático de pré-agendamento do SEF. Ou seja, a rede ilegal multiplicava os agendamentos de entrevistas, manipulando o Sistema Automático de Pré-Agendamento do SEF, para os imigrantes solicitarem autorização de residência a troco de milhares de euros. Sem capacidade do SEF para dar resposta a todos os candidatos, estes podiam circular livremente no espaço Schengen, bastando, para isso, mostrar prova de que aguardavam entrevista pelas autoridades portuguesas.

De acordo com a CMTV, outro dos esquemas detetados era feito através de uma falsa queixa de que teriam perdido os documentos pessoais. Assim, era passado um papel aos migrantes, que conseguiam provar que não tinham documentos porque estes tinham sido roubados ou extraviados. Podendo, desta forma, circular no espaço europeu. Há suspeitas sobre 300 mil casos.

As buscas pela PJ, em Lisboa, contam com mais de 110 inspetores mobilizados, acompanhados pelas autoridades estrangeiras, tal como elementos do SEF e da ASAE. As diligências de combate à migração clandestina vão continuar nos próximos tempos.