Por Carlos Carreiras
A ambição de muitos munícipes tornou-se uma realidade. Nesta terça-feira, 25 de julho, o Polo de Saúde de Carcavelos foi inaugurado na presença do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, que congratulou a Câmara Municipal de Cascais por este equipamento e por ajudar a desenvolver o Sistema Nacional de Saúde.
Este não é um simples Centro de Saúde, é muito mais do que isso. Além de reunir quatro valências de cuidados de saúde primários – Unidade de Saúde Familiar (USF), Serviço Permanente (SP), Equipa de Tratamento (ET) de Comportamentos Aditivos e Dependências e Serviço de Psiquiatria, nem a medicina oral ficou esquecida. Dispõe ainda de um parque de estacionamento com 267 lugares, o Polo de Saúde de Carcavelos e espaço público adjacente vão ser um lugar de vida social, pensado para a população, com uma grande praça/jardim, que vai refletir um novo paradigma do séc. XXI, no qual o Polo de Saúde é simultaneamente entendido como catalisador de relações interpessoais e centro de vida comunitária.
Pretende-se que este novo equipamento seja capaz de melhorar os estilos e a qualidade de vida da população, assim como ajudar a prevenir a doença (para além de curá-la), diminuir a solidão, sobretudo nas camadas mais idosas da população, e ainda reduzir os custos operacionais relacionados com as necessidades afetivas dos utentes, como é o caso de pessoas que marcam consultas sem razão médica, apenas para terem um momento de companhia.
É através da Praça/Jardim, centro agregador de vida social, que estes objetivos serão atingidos. Nela, pretende-se fomentar o contacto entre utentes (USF, ET e SP), moradores locais, alunos/funcionários da Escola Secundária de Carcavelos e ainda outros transeuntes ocasionais.
O conjunto de valências presentes na Praça/Jardim poderá estimular o surgimento de grupos de utentes unidos, como acontece atualmente com as ‘Ligas de Amigos dos Hospitais’. Uma organização deste tipo poderá conceber eventos e atividades dinamizadoras para o Polo de Saúde, como por exemplo, a venda de produtos caseiros e também aulas de culinária saudável no quiosque da Praça/Jardim.
Importa recordar, que antes da pandemia, definimos em Cascais um plano de investimentos fortíssimo para recuperar centros de saúde. Na nossa visão, os lugares onde a saúde se exerce no nível mais próximo do cidadão não podiam ser aquilo que eram: edifícios frios, desqualificados, indignos dos profissionais que lá servem e dos portugueses que os procuram.
Com a covid-19 no seu pico, dedicámos mais de meio milhão de euros a criar salas de espera para dar mais conforto aos utentes. Iniciámos os planos de melhoramento de todas as unidades de saúde, investindo mais de 5 milhões de euros nos Centros de Saúde de Cascais, São João do Estoril e Parede. Em simultâneo, ampliámos o Centro de Saúde de São Domingos de Rana, para 1,4 milhões de euros de investimento, e agora, com o novo Centro de Saúde de Carcavelos, que representa um investimento de 7 milhões de euros, vai possibilitar servir 25 mil utentes, e trará à freguesia a qualidade dos cuidados de saúde de última geração.
Estando na curva de saída da pandemia, o primeiro contacto dos cascalenses com o SNS mostra uma saúde digna e de qualidade.
Neste nosso plano ambicioso de investimento, falta apenas concretizar o novo Centro de Saúde de Cascais.
Mas a nossa visão de uma saúde de qualidade e para todos não se limita a uma reforma da infraestrutura.
E por isso começámos em 2021 um aprofundamento da transformação digital dos serviços de saúde em Cascais. Lançámos o programa Vida Cascais, uma iniciativa pioneira na qual a Câmara oferece um serviço universal e gratuito de telemedicina aos munícipes. Colocámos a tecnologia ao serviço da saúde e aproximámos a saúde das pessoas.
Afirmámo-nos como um player local, com expressão a nível nacional, assumindo a saúde e a solidariedade social, dando uma resposta concreta aos desafios atuais, dos quais se destacam a pobreza, o acesso à habitação, o envelhecimento das populações, a desesperança dos jovens, a participação cívica e a crise no sistema de proteção social.
Com efeito, implementámos uma política, o Serviço Local de Saúde e Solidariedade Social, SL3S, que tem por base uma abordagem global e integrada, assente num processo analítico, participativo e de planeamento estratégico que visa identificar as áreas prioritárias de intervenção, implementar medidas, definir recomendações que possam apoiar a tomada de decisão e, simultaneamente, que apele à responsabilidade multi e intersetorial, coletiva e individual promovendo o exercício fundamental de melhoria dos processos, de capacitação das pessoas, das organizações e entidades parceiras com interesse e responsabilidade partilhados e que promovam a efetividade e eficiência das políticas definidas.
Apostámos nas pessoas. Contratámos profissionais qualificados, em várias áreas, para dar apoio aos cidadãos na área da saúde mental e outras.
Estabelecemos parcerias com clínicas e operadores de saúde privados para reforçar a oferta aos públicos mais desfavorecidos, na saúde oral e outras.
E, por fim, mentalizámo-nos que todos os cascalenses teriam de ter direito a médico de família. Com quase 40 mil pessoas fora do sistema no nosso concelho, no país são 1,5 milhões, estabelecemos uma parceria com a ARS-LVT e com a Santa Casa da Misericórdia de Cascais que se materializou no projeto “Bata Branca”. Dez meses depois de ter arrancado, o “Bata Branca” realizou 27 mil consultas e não há hoje cascalense que não tenha, se assim o desejar, cuidados de médico de família.
Perante os problemas globais, que não faltem aos governos nacionais a coragem e a determinação que as autarquias têm na confrontação dos desafios locais. No fim do dia, o exercício da política só faz sentido se os cidadãos estiverem em primeiro lugar.