Clara. Uma voluntária voluntária em Lisboa

Chegou a Lisboa no início do mês de novembro, ainda em 2022. Foi acolhida por uma família portuguesa que agora considera sua. “A JMJ lisboa é a experiência da minha vida”.

Estás cá em Portugal desde quando?

Desde novembro do ano passado.

E por que decidiste vir para cá, um ano inteiro da tua vida, para trabalhar para este projeto?

Não foi uma decisão muito fácil, nem difícil, porque decidi vir para cá como voluntária, porque tinha recebido tanto nas jornadas passadas que participei no Panamá e na Polónia, e decidi entregar um pouco do que recebi gratuitamente, com este trabalho, com este serviço de voluntariado.

Como é que fizeste, estavas a estudar e deixaste de estudar para vir para aqui?

Não, estava já a trabalhar e também a estudar, mas quando decidi vir, decidi renunciar ao trabalho e deixar os meus estudos em stand by para me poder entregar por completo ao serviço do voluntariado.

Valeu a pena?

Sim, muito, muito, porque está a ser uma experiência muito enriquecedora, com muitas aprendizagens e muitos desafios e de auto-conhecimento e saber que no meio da incerteza, porque foi tudo uma incerteza estar aqui, sem saber o que se vai passar, mas sempre confiando em que tudo vai correr bem porque estamos apoiados Naquele que faz tudo possível.

O que dirias, ao longo destes meses todos, que foi a experiencia que mais te marcou? Imagino que quando chegaste, esta sede (a sede da Fundação JMJ) tinha muito poucas pessoas?

Pois, quando cheguei esta sede tinha muito poucas pessoas. Quando cheguei havia três, quatro voluntárias internacionais. A sede estava, por assim dizer, vazia, e vi a evolução de como se foi incrementando o voluntariado. Ao longo dos meses foram chegando mais voluntários, portugueses e estrangeiros, e agora estamos super cheios de voluntários, de pessoas e creio que estamos todos dando o máximo para que esta jornada possa ser como Deus o permita. Trabalhamos muitas horas para que tudo esteja pronto, tem sido muito cansativo, mas também uma enorme alegria ver aproximar-se o grande momento das Jornadas.

E como é que fizeste para viver aqui estes meses todos em Portugal. Estiveste numa casa?

Sim. De facto a organização conseguiu-me uma família com quem estive aqui todos estes meses, com a família de acolhimento, que também me fez parte da sua família, com os seus filhos. E a verdade é que está a ser muito bom e  estou muito agradecida, sobretudo porque é impressionante como pessoas que tu não conheces e que se abrem totalmente na generosidade e no amor de receber pessoas de fora, estrangeiras. Fazem-no com uma generosidade que me impressiona e que me convida também  a ser, nalgum momento, como eles.

Sentes-te parte da família, são pessoas a quem  vais ficar ligada para toda a vida?

Sim, de facto estava a conversar com os meus pais portugueses, gosto de chamá-los assim, porque são de facto a minha família portuguesa, porque já me sinto parte deles, e agora já faltam muito poucos dias e a verdade é que estou a começar a ficar com saudades. Saber que vou deixar tudo isto em algum  momento… e pronto,  sei que assim como eu lhes tenho carinho, eles também me têm carinho e eu estou mais que certa que vamos manter o contacto.

Imagino que nem tudo tenha sido fácil ao longo destes meses. Foi com a tua família de acolhimento que partilhaste esses momentos? Foram de ajuda?

Sim, os primeiros tempos não foram fáceis. Senti-me um bocado perdida. Não tinha pensado nisso antes de vir, mas a distância do meu país e da minha família custou muito no início. E depois, nos primeiros tempos, também me custou integrar-me no trabalho.

E foi aí que a “tua família portuguesa” fez a diferença?

Sim, muito. Os meus pais, e especialmente a Leonor (uma das filhas do casal), foram muito importantes. Fizeram-me sentir família e a Leonor, que também já tinha passado por uma época difícil, apoiou-me muito, muito. E agora está tudo bem, estou muito feliz aqui.

A Clara que participou nas jornadas da Polónia e do Panamá e esta, que preparou a de Lisboa, qual é a diferença substancial?

Ui… à Polónia fui como peregrina, ou seja a experiência foi totalmente distinta, mas cada uma tem a sua essência. Eu creio que como peregrina disfrutas de todas as atividades, de tudo o que é a Jornada. Os encontros com os jovens, o intercâmbio de experiências, culturas e tudo. Aqui, como voluntária, vens para servir em todos os aspetos. Onde te ponham, tu estás com esse espítiro de serviço e é certo que também vives as Jornadas, mas vives de outra maneira, porque talvez não vás disfrutar de todas as Jornadas. Refiro-me a todas as atividades, mas, desta vez, estou a disfrutar de outra maneira. Ver que, por detrás de uma jornada, há toda uma organização, há toda uma gestão e isso verdadeiramente enche-me de agradecimento e de conhecimento também, porque nas outras Jornadas em que participei, via voluntários. No Panamá, onde também fui voluntária mas de curta duração, já tinha tido um pouco desta experiência. Agora, que estou de longa duração, vejo ainda mais a alegria que eles (os voluntários) transbordam. Foi isso que me levou a tomar a decisão de em algum momento querer ser como eles. E Deus está a concede-me o dia de hoje, aqui e agora e em todos os meses que estive aqui em Lisboa.

O que é que esperas desta Jornada de Lisboa. Que mensagem esperas do Papa nesta jornada de Lisboa?

O que espero… na verdade, a única coisa que espero é que assim como eu nalgum momento recebi e vivi toda esta experiência transformadora, espero que também muitos jovens possam viver esta experiência e possam dar-se conta de que a Igreja é muito rica nos seus carismas, nos seus movimentos, nos seus grupos, que está aberta a todos, a todos os jovens e a todas as pessoas, e que podem sentir este amor da Igreja como mãe para todos os jovens e que podem naturalmente também ter a sua experiênca pessoal, porque de uma Jornada não sais indiferente. Há uma transformação pessoal. Deus,  de alguma maneira,  mostra-se a ti.

Estavas a dizer que, se calhar, não vais participar em tudo como nas outras Jornadas que fizeste, mas vais poder estar no Parque Tejo, onde vai ser a vigília e a missa com o Papa, ou não?

Sim, vamos ter a oportunidade de participar na vigília com o Papa e vamos obviamente ter um encontro só com os voluntários, que será a seguir à vigília, e, pronto, vai ser também…

Na missa de encerramento não vais poder estar?

Sim, vou estar, mas depois da missa vai ser o encontro com os voluntários. E esse é também um grande momento. No Panamá foi para mim um dos momentos mais marcantes e aqui, em Lisboa, estou com grande expetativa, até porque desta vez entreguei muito mais do meu tempo para prepara a Jornada. Espero que seja um momento único.