Guerra na Ucrânia em ampla escala

A Rússia continua os bombardeamentos em larga escala. Depois das instalações portuárias em Odessa, seguiu-se a capital Kiev. Os ucranianos ripostaram com drones sobre Moscovo.

A Rússia continua a intensificar os bombardeamentos e nos últimos dias dezenas de mísseis e drones partiram de três locais diferentes com destinos distintos, o que tornou a sua interceção mais difícil. Esses ataques atingiram dois portos no Danúbio, que distam 300 metros da fronteira com a Roménia, país que faz parte da NATO. Os ataques milimétricos podem falhar e atingir um estado-membro da Aliança Atlântica, o que poderá ser entendido como um ataque a toda a organização. Putin continua a desafiar o Ocidente com as suas atrocidades.

Segundo as autoridades ucranianas, foram destruídas 40 mil toneladas de cereais que se destinavam a países africanos, a Israel e à China. A narrativa russa é a mesma de sempre.  Moscovo limitou-se a dizer que foram atacadas instalações onde estavam mercenários estrangeiros e equipamento militar. Desde que começaram os bombardeamentos a silos foram destruídas 220 mil toneladas de cereais, o que provovou uma escassez desse alimento e o aumento dos preços em 5%. O Presidente Zelensky afirmou que esta guerra pode levar ao colapso do mercado alimentar em todo o mundo e provocar uma catástrofe global. Foi com essa preocupação que a União Europeia pediu às potências do G20 para pressionarem a Rússia a voltar ao acordo de exportação de cereais.

A Ucrânia tem respondido com ataques com drones a Moscovo, que servem para demonstrar a vulnerabilidade da Rússia. Talvez dessa forma os russos percebam o que se está a passar do outro lado da fronteira. Um assessor da Presidência da Ucrânia, Mykhailo Podolyak, disse que vai haver «mais drones, mais colapsos e mais conflitos civis» e que Moscou está a habituar-se a uma «guerra em ampla escala».

A resposta ucraniana foi o aspeto positivo, já que a contraofensiva perdeu alguma dinâmica, embora tenha havido avanço das tropas ucranianas no sul do país. O Presidente ucraniano afirmou que «os próximos seis meses vão ser fundamentais no desenrolar da guerra». Com esta declaração, Zelensky sabe que tem de mostrar resultados aos aliados ocidentais, e há sinais de que a Ucrânia  pode fazer grandes avanços na região da Crimeia. Kyrylo Budanov, chefe das secretas ucranianas, disse que, em breve, a Ucrânia vai recuperar a Crimeia, e o Sunday Times avançou que os serviços secretos ingleses consideram que até ao Natal a Ucrânia podia recuperar essa região ocupada desde 2014.

 

Cimeira pela paz

A Arábia Saudita surpreendeu ao anunciar uma cimeira, este fim de semana em Jeddah, que reúne 40 países, alguns dos quais conhecidos aliados da Rússia, que vão discutir os dez pontos que a Ucrânia considera indispensáveis para uma paz justa dentro de alguns meses. Esta cimeira tem lugar três dias depois do Papa Francisco ter pedido «vias inovadoras para acabar com a guerra na Ucrânia» no primeiro dia da sua visita a Portugal.