Numa altura em que o país recebe milhares de jovens oriundos de todas as partes do mundo com o fim de participarem na tão aguardada Jornada Mundial da Juventude (JMJ), há uma pergunta que se coloca: «Como é que os jovens católicos se divertem?». Como todos os outros. Sim, não são santos e pecam como qualquer um.
Há quem acredite que os eventos e festejos que compõem o programa da iniciativa bastam, já que para além de missas e encontros mais formais, existem palcos espalhados pela capital que permitem aos participantes dançar e descontrair. No entanto, aquilo que se vê após o cair da noite, nas ruas de Lisboa, acaba por mostrar que não é bem assim. Afinal, «somos todos seres humanos».
Mas até que ponto pode chegar a diversão? Como se mede o equilíbrio de que tanto falam de cerveja na mão? De que forma tem afetado os moradores? A Jornada será uma mais valia para os bares e discotecas do Bairro Alto e Cais do Sodré? É normal que, dada a afluência, suponhamos que o lucro tem sido muito. Mas parece que não tem sido bem assim.
O outro lado da JMJ
A proposta que nos fazemos é a de uma viagem que muitos dos jovens lisboetas fazem nas suas saídas noturnas. São 20 horas, habitual horário do encontro para jantar, antes se seguir para os bares. Está vento, mas o calor teima em ficar. Na Avenida da Liberdade, tanto de um lado como do outro dos passeios, veem-se grupos que, em uníssono e cada um na sua língua, cantam animados. Em cada um deles, uma bandeira hasteada. Há quem pareça não ter pressa. Por outro lado, há quem salte e corra, como se ansiasse chegar a algum destino rapidamente. Há também quem tenha aproveitado o espaço para se sentar junto das árvores, a jantar, a conviver, já com uma cerveja na mão. São poucos aqueles que não têm uma fitinha com o símbolo do evento ao pescoço. E quem não a tem parece observar o fenómeno de olhos arregalados.
Ao passar num dos quiosques que enfeitam aquela que é considerada uma das avenidas mais bonitas da capital, um grupo de peregrinos encontra-se com uma coluna na mão, a ouvir trance e a filmar-se para as redes sociais, como se não existisse mais ninguém sentado nessa esplanada. Do outro lado da estrada, passa um outro grupo, todos de trotinetas, numa brincadeira que se assemelha a uma corrida.
No caminho até ao Rossio, parece que estamos a ter constantes déjà vus. O cenário é igual em todos os recantos. Grupos sentados na calçada, grandes multidões nas filas para supermercados, cadeias de fast-food, cafés, simplesmente na relva.
A ‘confusão’ começa na Rua do Carmo. Os grupos de 10 pessoas, transformam-se em grupos de 20 ou 30. Aqui, a diversão parece mais evidente. Há quem compre ‘litrosas’ (garrafas de cerveja de um litro) no supermercado mais perto da praça e se junte aos músicos de rua para fazer a festa.
Subimos até ao Largo de Camões. A passagem é difícil, as ruas estão cheias. O destino parece ser o Bairro Alto. A JMJ serviu de mote para a iniciativa Largo da Misericórdia, resultante da parceria entre a Santa Casa e a Companhia de Jesus, que desde dia 1 de agosto tem preenchido o Largo Trindade Coelho com centenas de jovens que aqui se encontram a assistir aos momentos musicais.
O relógio já marca as 21 horas e a música ainda não acabou. Um grupo de artistas diverte os presentes. Mas enquanto uns se encontram sentados a desfrutar do ambiente com uma imperial na mão, a conversar com os amigos, há quem pareça ter pressa para chegar onde, à noite, verdadeiramente «tudo acontece».
Por mais que ainda seja «cedo», há já algumas peregrinas que, às gargalhadas, se aliviam urinando nos caixotes do lixo em frente à Igreja de São Roque. E, segundo um grupo de jovens húngaros, a noite só não costuma prolongar-se porque o local onde estão instalados os obriga a «chegar a casa antes da meia-noite». «Depois disso, ficamos fechados do lado de fora», revela um deles ao Nascer do SOL em tom de brincadeira. «Estamos cá para viver o máximo de momentos integrados no programa e, sobretudo, para ver o Papa», afirma o rapaz de 20 anos, acrescentando que há sempre várias opções, como atividades desportivas e concertos. «Acho que de noite vemos muito mais pessoas na rua. A noite é fantástica, mas gosto mais da cerveja de casa!», revela. Desde que chegou, tem aproveitado a noite lisboeta. «Esta boa atmosfera faz-nos querer ficar e conhecer toda a gente. Mas não nos podemos alongar, porque o local que nos está a acolher fecha portas à meia-noite e nós não queremos dormir na rua», repete.
Dois litros de cerveja por dia
«Habemus Papa? Habemus cerveza!», ouve-se ao longe na Rua do Grémio Lusitano. Um grupo de peregrinos com a bandeira espanhola aborda quem passa com cânticos e uma cerveja em cada mão. Enquanto sobem a rua, saltam e dão encontrões.
Numa das esquinas, no bar Atípico, um grupo de peregrinos franceses parecem ter escolhido o local para passar a noite de copos. Um deles traz os shot’s, os outros falam alto agarrados uns aos outros. Ao serem abordados, todos querem falar, aproximando-se do microfone. «Eu não era uma pessoa católica há uns anos. Aliás, eu não acreditava em nada», afirma Comê, de 23 anos. «Mas depois aconteceu uma coisa na minha vida que me fez começar a ter fé. Comecei a informar-me e percebi que a mensagem de Cristo não nos diz que devemos ser e agir de determinada maneira, que somos pecadores se não o fizermos. É uma mensagem universal que nos diz que podemos fazer o que quisermos, que somos algo milenar, especial, amado e único. Não somos horizontais, somos verticais! As pessoas andam muito pessimistas e não acreditam umas nas outras. A fé fez-me acreditar no próximo. Amar o próximo», continua.
De repente, passa um carro da Polícia com as janelas abertas. O jovem salta para perto dos amigos que abordam as autoridades e colocam os braços dentro do carro. Os agentes abanam a cabeça em sinal de desaprovação e avisam-nos de que não o podem fazer.
Ao seu lado, Théothe, de 25 anos, agarra o gravador. «Estou muito feliz de estar aqui com a minha irmã e com os meus amigos! Eu amo a minha irmã e amo Portugal. É maravilhoso que nos possamos divertir assim. Esta cidade é maluca, muito intensa», exalta. Interrogado sobre o que tem achado da noite lisboeta, o jovem francês garante que se tem divertido muito. Nesse momento, um amigo chega com mais shot’s. «Queima!», afirma Théothe, fazendo uma careta e logo de seguida sorrindo. A entrevista é interrompida por uma canção e por uma fotografia de grupo.
Na Rua da Barroca, um outro peregrino francês parece muito animado junto do seu grupo. Nenhum dos outros quis falar. «Lisboa é uma cidade com uma cultura fantástica. E acho que Portugal é um bon vivant! Estou aqui há uma semana e acho que tenho bebido 2 litros de cerveja por dia! Adoro cerveja portuguesa! É muito melhor do que a de Paris! E muito mais barata! Em Paris pagamos 10 euros por um balde», conta o jovem de 17 anos.
Um desastre para os estabelecimentos
Segundo Ricardo Tavares, presidente da Associação Portuguesa de Bares e Discotecas de Lisboa, a cerveja tem sido a bebida de eleição dos peregrinos da JMJ, umas vezes por paladar, mas muitas mais pela «falta de poder de compra». «São todos pecadores!», brinca ao telemóvel com o Nascer do SOL. «Eles vêm para a Jornada Mundial da Juventude, mas ontem quando estava a decorrer a missa já havia milhares a caminho do Bairro Alto e do Cais do Sodré», garante, acrescentando que há uma semana que «têm passado lá a noite toda a cantar, beber copos». «Ficam até às 2 horas no Bairro e descem depois para os bares do Cais», continua.
São, diz, maioritariamente estrangeiros. «Passei nos dois locais e eles estavam lá massivamente. Temos uma diversidade muito grande de peregrinos. Estão sempre em grupo e depois há uns que se misturam e outros que não», conta. No entanto, segundo Ricardo Tavares, ao contrário daquilo que se pensa, a sua presença «não tem sido benéfica para os estabelecimentos». «Sou sincero, se isto fosse em outubro, novembro, as coisas seriam diferentes. Neste momento é contraproducente porque julho e agosto são os meses em que o turismo chega a Lisboa», lamenta. «Os proprietários de alojamento local em Lisboa queixam-se pelas desmarcações das reservas… Há que ter em conta que, por mais que os peregrinos sejam muitos, não têm poder de compra», acredita, explicando que o seu plafond «é muito pequeno em comparação com o turista normal». «Bebem maioritariamente cervejas. Não saem com 100 euros para gastar! Saem com 10! Isso não dá para nada. Vi muita cerveja, não vi saírem cocktails», acrescenta.
A nível de comportamento, de acordo com o responsável, vemos um comportamento normal, «de jovens normais a divertirem-se». «Desengane-se quem pensa que estamos diante de ‘meninos de coro’. Há vídeos que já se tornaram virais de alguns deles a subir aos postes no Bairro Alto. Vi um a subir para um primeiro andar pelo lado exterior. Ontem ao fim da noite ainda vi o término de uma relação casual. Estava à janela do escritório. Um mandou o copo para cima do outro», revela.
Tal como Ricardo Tavares, Hilário Castro, presidente da Associação de Comerciantes do Bairro Alto, admite que o cenário não é animador para quem quer fazer dinheiro.
«Há aqui uma dualidade de opiniões e de factos que se tem sentido. Na parte do comércio e restauração tem quebrado muito… Já na segunda quinzena de junho o negócio caiu bastante e agora, esta última semana, tem sido de facto devastadora», lamentou. «Os portugueses saíram, por isso, não temos clientes nacionais… O turismo normal não veio como é costume e, este turismo – os participantes da iniciativa –, são pessoas que não fazem consumo praticamente», explica. Segundo Hilário Castro, na parte da noite, dos bares, os colegas estão «um bocadinho mais satisfeitos», porque a afluência tem sido bastante. «Mas é apenas para a cerveja, ou seja, para o consumo barato! As cervejeiras devem estar a esfregar as mãos de contentes. Mas apesar da afluência, os bares em si, com cocktails e espaços interiores, estão a sentir que isto não é negócio para eles», garante.
O presidente da Associação de Comerciantes do Bairro Alto acredita que, até ao momento, ainda não aconteceu nada de grave. Até porque há muito policiamento. «Há muita segurança. Claro que há sempre quem venha para o Bairro com outras intenções, mas acredito que esta presença dos peregrinos os afasta. Aqui, podemos também tirar uma ilação importante… Nós nesta zona temos pedido reforço de policiamento para evitar problemas como assaltos e tráfico. Nestes dias, com este reforço significativo, não temos verificado», ressalta, reforçando esperar que isto «sirva de publicidade» e que, no futuro, «possamos tirar algum partido destas semanas».
O problema das casas de banho
Além disso, para Hilário Castro, há também «o problema das casas de banho». «Estes jovens utilizam as casas de banho dos estabelecimentos, muitas vezes sem consumir. Nos meus estabelecimentos facilito a coisa para as meninas, mas dei ordens para que não facilitem para todos. Nós não somos um serviço público e claro que isto agrava as condições de higiene e saneamento do Bairro. É um cheiro insuportável a urina em todo o lado. Além disso, há muito lixo», condena, apoiado por um proprietário de um dos bares do Bairro Alto, que preferiu manter o anonimato.
«Eu nem gosto de falar sobre isto! Esta gente só quer ir à casa de banho e deixar o lixo na rua!», grita com as sobrancelhas franzidas, olhando para os peregrinos que passam à sua porta. «Eu sou comerciante. Não é assim que se mantém uma casa! Se eu tenho aqui 50 pessoas à porta mas só para ir à casa de banho…Pegam as marmitas e sentam-se aqui à porta a comer. Não é brincadeira», reclama enquanto limpa a louça com um pano. «Só me dá vontade de ir embora! Há uma semana que isto está assim! Vêm para cá, ao menos que deixem cá algum! Nenhum isso fazem! Até comem à borla! Isto é um atentado aos portugueses. Estas multidões desestabilizam as cidades! O que é que deixam cá? Eu também gosto de me divertir, mas com respeito. Assim, acho que ninguém se diverte! Quer dizer, só eles!», continua em tom de desagrado.
Nesse momento, entra um jovem com a fitinha ao pescoço, em direção à casa de banho. Imediatamente o proprietário do bar reage: «Rua! Não podem entrar!». Num inglês arranhado, que nos dá a impressão de se tratar de um peregrino italiano, o rapaz responde: «E se comprar uma cerveja?». «Também não! Não vos quero aqui!», riposta o senhor atrás do balcão. «É que compram uma cerveja que custa 1,50 mas depois entopem-me a sanita. Acabou de acontecer há uns minutos», justifica, acrescentando não perceber um outro pormenor. «Como é que com o poder de compra que têm, dizem-me que a cerveja é cara? Estão a gozar com a minha cara?», interroga. «Já estou farto! Qualquer dia não vale a pena ter estabelecimentos. É uma atrás da outra. Aumentam as licenças, vêm para cá estas pessoas… Eu qualquer dia, desisto!», critica. Além disso, segundo Hilário Castro, há ainda uma outra coisa que tem chateado os comerciantes e proprietários dos estabelecimentos: «Outra agravante é o facto de não termos sido consultados sobre a exceção existente para as lojas de conveniência que estão abertas 24h», explica. «Isto é surrealista… Temos fiscalização, a polícia a fiscalizar o encerramento dos estabelecimentos comerciais e a obrigar que sejam pontuais, mas depois temos lojas de conveniência abertas a despejar álcool 24 horas por dia», continua. «Isto não cabe na cabeça de ninguém e é uma decisão que iremos questionar a quem de direito. Isto foi uma decisão da Câmara Municipal que se borrifou para as consequências que isto traz. Isto é fazer o cocktail perfeito para a confusão. Essas lojas deixam de ter fiscalização. Fazem o que quiserem. As pessoas acabam por permanecer nas ruas, o barulho continua e os moradores não conseguem descansar. É uma questão de bom senso. Isto acaba por afetar todos e agravar o mau ambiente», alerta.
‘Quero a minha cidade de volta’
Com os bares a fechar no Bairro, tal como quase todos os portugueses costumam fazer, a viagem continua até ao Cais do Sodré, onde a noite se prolonga todos os dias até às 6 da manhã. A famosa Rua Cor de Rosa ainda não está cheia. É apenas meia-noite, mas para muitos parecem 4 da manhã. Vemos peregrinas a tropeçar nos passeios, a falarem alto e dançarem no meio da estrada. Quase todas as esplanadas dos bares estão cheias e há mesmo quem faça torres de copos.
Num dos espaços que dá as boas vindas a quem entra na rua, um grupo de portugueses conversa e bebe cerveja. Interrogados sobre a sua opinião sobre a JMJ, os quatro amigos preferem «não comentar». «Já me contaram que há pessoal português a tirar fotografias com os peregrinos, como se admirassem este evento, mas que utilizam o QR Code presente na credencial para comerem por eles», revela um deles. «Não sei se é verdade, mas já o ouvi algumas vezes», frisa. «Outra das coisas que acho má, mas que não podemos controlar, porque eles estão nesse direito, é que, ao invés de comerem em restaurantes normais, têm optado sempre pelas cadeias de fast-food, o que acaba por não ajudar a restauração. Estão a entupir os sítios. Estou ansioso que isto acabe! Quero a minha cidade de volta. Desculpem, mas é aquilo que sinto», desabafa.
A ASAE resolveu, entretanto, realizar durante a JMJ_ações de fiscalização e controlo da venda de bebidas alcoólicas e de tabaco a menores de 18 anos. Na segunda-feira, por exemplo, houve vários estabelecimentos visitados na zona de Belém. Ao ponto de alguns comerciantes, em resposta, optarem pelo encerramento antecipado: «Com este mar de gente, faz sentido virem perguntar se estamos a controlar as idades? Mais vale fechar, porque as multas não compensam».
Numa nota enviada ao Nascer do SOL, a ASAE refere que, a nível operacional, tem vindo a realizar, nas últimas semanas, diversas ações de fiscalização direcionadas para atividades relacionadas com a JMJ, as quais foram orientadas essencialmente «para a verificação de cumprimento legal em matéria de Segurança Alimentar e Económica», sendo o principal objetivo «verificar as condições de funcionamento e de conservação de géneros alimentícios em estabelecimentos de restauração e bebidas localizados nos locais onde existirá maior afluência de peregrinos», bem como «a oferta ilegal de alojamento publicitado online» e ainda a «venda ou ocultação de artigos contrafeitos com utilização indevida da marca/símbolo do evento». No entanto, a entidade não deu pormenores sobre as ações que decorreram no princípio da semana.
A noite termina no Cais
Na Cervejaria Cais Bar, um grupo de peregrinos franceses parece bastante animado. Na mesa, não vemos apenas cervejas. Mojitos, copos de whisky… a noite deve ter começado cedo. Ao serem abordados, tropeçam uns nos outros falando rapidamente. Lou, de 22 anos, antecipa-se. «Estou aqui para a JMJ. Cheguei a Lisboa há dois dias e desde então que temos vindo para aqui à noite! Estamos aqui para rezar e para sair com os nossos amigos!», afirma. Interrogado sobre as bebidas alcoólicas e os excessos, o jovem afirma que «aos olhos de Deus, nada é proibido, desde que se faça com moderação e equilíbrio». Ao nos afastarmos, regressam os cânticos.
Seguimos pelo corredor Cor de Rosa. Apesar da maioria das pessoas ser estrangeira, ouve-se falar português. Três jovens portugueses de fita ao pescoço conversam enquanto bebem uma imperial. António, de 23 anos, alfacinha, pede que não se façam perguntas polémicas. «Não me vai perguntar a minha opinião sobre a eutanásia, pois não?», interroga. «Somos os três católicos praticantes e estamos a ser voluntários na JMJ. Agora tivemos um bocadinho de tempo livre e viemos até aqui», conta. Para si, os dias «têm sido uma alegria». «É muito bom ver e conhecer pessoas que acreditam no mesmo que nós, com os mesmos valores… Isto traz alegria e vida para a cidade de Lisboa», defende. Interrogado sobre se existe algum tipo de preconceito relativamente aos jovens católicos no meio noturno, António acredita que não. «Proibições não existem na igreja católica! Existe uma proposta! As pessoas podem segui-la ou não. Acredito que beber uma cerveja com os amigos faz parte dessa proposta», admite. «Estamos aqui e vemos diferentes experiências católicas, diferentes culturas, isso é enriquecedor», acrescenta. Sobre o consumo excessivo de álcool por parte de alguns peregrinos, o jovem afirma que um católico, uma pessoa que tenta seguir a mensagem da Igreja, «não deixa de ser uma pessoa». «Acontecem estupidezes em todo o lado, com toda a gente. Faz parte. A grande diferença é que estas pessoas têm coisas em comum. Isso não significa que não sejamos pessoas normais e que não cometamos alguns erros de vez enquanto».
«Mas quando temos uma cruz ao peito ou esta fita, quando estamos a representar alguma coisa, sinto que deve de haver outro cuidado. Por exemplo, a Sara tem a carteira de jornalista, está a representar o seu jornal, por isso, sabe que não pode fazer determinadas coisas. Cabe a cada um… Acho que é uma questão de bom senso», responde José, de 23 anos, também de Lisboa. «Claro! No entanto, somos jovens e, às vezes, cometemos erros», insiste António.
É quase 1 da manhã. Para alguns, a noite está quase a terminar. Para outros, acabou de começar. As pessoas continuam a descer até ao Cais e as entradas dos bares e discotecas ficam cada vez mais cheias e confusas. Já se observam grupos sentados nos passeios com um ar cansado. Amanhã é outro dia e há uma longa lista de atividades para cumprir. O despertador tocará às 7 horas, segundo muitos dos peregrinos. Por isso, há que seguir para casa.