Rui Valério, 58 anos, tem muito em comum com o Papa, pois é um homem das periferias que gosta de ouvir o povo e de ajudar, segundo algumas fontes do meio eclesiástico. «Para se ter uma ideia da sua personalidade, diga-se que, ontem, quinta-feira, D. Rui Valério só quase atendeu chamadas relacionadas com a morte da agente da PSP e dos dois agentes que ficaram gravemente feridos num acidente em Sacavém. Preferiu ficar a rezar e a tentar consolar os familiares e a resolver os problemas relacionados com o funeral», comenta ao Nascer do SOL um padre próximo do novo patriarca. «Seria natural que estivesse eufórico, mas optou por se resguardar porque está mesmo sentido com o drama que se abateu sobre os três agentes», acrescenta a mesma fonte.
«D. Rui Valério percorreu o país e o mundo enquanto bispo das Forças Armadas e de Segurança. É um homem de uma disponibilidade total e que vai ao encontro de todos. Não faz consultas médicas, tem muita disponibilidade para ouvir os outros e os pobres nunca são esquecidos», refere outro homem do clero.
Se D. Américo Aguiar não era uma figura muito amada em Lisboa, diz-se que no Porto a história é completamente diferente, Rui Valério parece gozar de um estado graça, apesar das incertezas, e já lá vamos. «É um homem de oração e de ação. Arrisco-me a dizer que é um conservador nos fundamentos teológicos e um revolucionário na ação social», sentencia outro sacerdote. «Não é um homem alinhado com ideologias, mas é um defensor de uma Igreja aberta a todos», acrescenta.
Sendo difícil, para já, encontrar quem diga mal do novo patriarca, continuemos a dar a voz aos seus defensores. «Ele tem o espírito missionário de S. Paulo. Por onde passou deixou boas recordações. É o homem certo para os tempos que se avizinham», explica outro admirador.
Tendo pertencido aos missionários Monfortinos, Rui Valério até ser nomeado bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança não tinha rendimentos e nem dispunha de conta bancária. O que recebia era entregue à congregação, à semelhança de todos os outros missionários, sejam jesuítas, franciscanos, dominicanos e por aí fora.
Até agora não se ouviram vozes discordantes com a nomeação de D. Rui Valério, embora alguns sacerdotes digam que há muita incerteza quanto ao legado do novo homem forte da Igreja de Lisboa. «Estamos felizes pela nomeação, mas agora é preciso saber que critérios vai seguir, como vai ser o funcionamento do patriarcado, etc.», diz um jovem padre de Lisboa.