Os jovens do amor

O sucesso destas jornadas, bem previsível desde o primeiro momento em que foram anunciadas, deixou logo muito incomodados os habituais jacobinos de serviço, sempre activos em difamar e denegrir o papel que a Igreja desempenha junto das comunidades.

Por Pedro Ochôa

Em tempos conturbados e em que a moral dos portugueses atinge os níveis mais baixos de que há memória, a presença alegre e descontraída de centenas de milhares de jovens em solo pátrio, provenientes de todos os países do mundo, tem que ser vista como um antídoto para os males que a quase todos nos têm afligido.

As Jornadas Mundiais da Juventude permitiram trazer ânimo e esperança a todo um povo, crente na sua essência, mas descrente daqueles a quem foi confiada a responsabilidade de os governar, projectando para todo o planeta a imagem de uma Nação milenar, que já foi grande entre as grandes, e na qual a Fé dos portugueses deixa transparecer, sem margem para dúvidas, os valores e princípios, assentes no cristianismo, que sempre estiveram presentes desde os primórdios da sua fundação.

O sucesso destas jornadas, bem previsível desde o primeiro momento em que foram anunciadas, deixou logo muito incomodados os habituais jacobinos de serviço, sempre activos em difamar e denegrir o papel que a Igreja desempenha junto das comunidades.

Criticaram, de imediato, a hierarquia eclesiástica pela suposta opulência que estaria a ser preparada e questionaram a legalidade dos apoios estatais, que identificaram como excessivos, recorrendo ao costumeiro argumento, o da laicidade do Estado.

Estes profetas do mal procuram confundir as mentes menos esclarecidas, colocando ao mesmo nível o Estado anti-clerical, típico da 1ª República, em que a moda foi perseguir os cristãos e saquear as igrejas, com o actual Estado laico, que reconhece o papel de todas as religiões, mas não esquece que a católica é a abraçada pela esmagadora maioria dos portugueses.

Montaram, então, um circo, abrilhantado com diversas acções de contestação aos apoios governamentais, sendo que a mais mediática foi aquela em que um escultor até então desconhecido do grande público, que se considera a si próprio uma sumidade, arvorando-se em descendente directo da figura maior dos finais do século XIX, por se intitular de Bordalo II, teve a distinta lata de se indignar com os ajustes directos para muitos dos contratos estabelecidos com particulares, sabendo-se que o menino há anos que mama nas tetas do Estado, o qual o recompensou já com três dezenas de projectos, quase todos por ajustes directos!

Bem prega Frei Tomás…!

As quantias que os poderes executivo e autárquicos despenderam nestas jornadas, são uma pequena parte do retorno que vão auferir a breve prazo, realidade bem distinta de outros investimentos ruinosos para as finanças públicas levados a cabo nas últimas décadas.

A título de exemplo, observe-se que para o Euro 2004 o Estado injectou 1035 milhões de euros, sendo que só em investimentos nos dez novos estádios foram gastos 665 milhões de euros.

Ou seja, cada estádio custou ao erário, em média, o dobro do que agora se investiu nas JMJ!

Não me recordo de, na altura, alguns destes zelosos controladores dos gastos públicos se terem insurgido contra tais astronómicos encargos!

Ainda não refeitos do estrondoso sucesso das jornadas que trouxeram ao nosso País centenas de milhares de peregrinos, estes discípulos do diabo envolveram-se agora em nova cruzada, contestando o nome do Cardeal Patriarca de Lisboa atribuído a uma ponte cuja construção se deveu à realização das JMJ.

Para os mais distraídos, atente-se que a escolha da Diocese de Lisboa para acolher estas jornadas se deve a D. Manuel Clemente, porque, enquanto seu Bispo, foi ele quem protagonizou e se bateu pela candidatura vencedora.

E, registe-se, contra o ainda Cardeal Patriarca de Lisboa nunca foi formulada qualquer acusação fundamentada por conduta imprópria, tendo ele, sim, sido alvo de uma campanha difamatória engendrada pelos usuais boateiros sempre que está em causa o bom nome da Igreja Católica!

À parte destas quezílias que, sempre se soube, iriam ser disseminadas pelos acólitos da esquerda libertária e extremista, o que fica para a posterioridade é a onda de amor e de alegria que estes mais de um milhão de jovens trouxeram a Portugal.

Sobretudo por se terem afirmado, pela positiva, em claro contraste com outros movimentos em que a juventude, claramente instrumentalizada, é apresentada como cabeça de cartaz e nos  quais o recurso aos distúrbios e ao ódio se tornam na imagem de marca que se pretende deixar como registada.

Habituámo-nos a presenciar manifestações em que esses jovens, feitos revolucionários, e a quem parece que tudo é devido, se entretêm a destruir todo o património de que se aproximam e descarregam toda a sua raiva principalmente em bens privados, porque se deixaram impregnar de um sentimento de inveja em relação a quem trabalha para conseguir ter a sua casa, a sua loja ou o seu carro.

Ao contrário daqueles, os jovens peregrinos revelaram-se ordeiros, respeitadores da ordem e da tranquilidade públicas, não puseram em causa o direito a cada qual possuir o que bem entender e não exigiram absolutamente nada aos governantes, a não ser o amor pelo próximo.

Tal como os jovens revolucionários, que vivem na utopia de poderem mudar o mundo, também esta juventude cristã anseia por uma sociedade melhor, mas enquanto os outros procuram alcançar o seu objectivo por meio da violência, estes fazem-no recorrendo à oração.

Os jovens activistas da globalização, que se arvoram em donos das causas do ambiente e da justiça social, quando se juntam apresentam um rosto enraivecido, rancoroso e zangado, que somente espelha ódio e frustração; ao invés, estes jovens que, durante mais de uma semana, encheram de entusiasmo as ruas de muitas das nossas cidades, irradiavam alegria, boa-disposição e animação, permitindo-se transparecer esperança e gratidão pela vida.

Os revolucionários reivindicam através da ira, os cristãos fazem-no com amor.

Esta é a grande lição que estes jovens oriundos de praticamente todos os países do mundo nos ofereceram: perante as adversidades, respondemos com amor e não com agressividade.

Mas a maior dádiva que poderemos retirar da vinda destes jovens do amor, é a de que ainda há esperança no mundo em que vivemos.

Vamos acreditar que nem tudo está perdido!