Os devastadores efeitos das inundações na Líbia, que mataram pelo menos 2.300 pessoas, estão a ser atribuídos ao aquecimento das águas do mar, o caos político e a degradação das infraestruturas, avançaram diversos especialistas.
Durante a noite de domingo para segunda-feira, rebentaram as duas barragens que retêm as águas do Wadi Derna, o rio que atravessa a cidade de Derna, na costa oriental do Mediterrâneo.
Estas fortes torrentes destruíram pontes e arrastaram bairros inteiros e os seus habitantes de ambos os lados do rio, antes de desaguar no mar.
Esta é a maior catástrofe natural que atingiu a Cirenaica, a província oriental da Líbia, desde o grande terramoto que abalou a cidade oriental de al-Marj em 1963.
A tempestade Daniel já fez mais de 2.300 vítimas mortais, 7.000 feridos, 5.000 desaparecidos e 30 mil desalojados e e causou mortes e destruição na Bulgária, Grécia e Turquia na semana passada, antes de chegar à Líbia.
Segundo vários cientistas, há várias semanas que as águas superficiais do Mediterrâneo oriental e do Atlântico estão dois a três graus Celsius mais quentes, pelo que "é provável" que tal tenha provocado precipitações mais intensas.
"Existe uma ligação direta entre o aumento da precipitação e as inundações. A isto juntam-se as condições climatéricas locais. Este evento em particular é o resultado de um bloco persistente de alta pressão que está atualmente a dissipar-se", explicaram os especialistas, que estiveram presentes numa reunião do Comité Nacional de Impactos Climáticos do Reino Unido.