Por Jorge Bruno Ventura, Professor Universitário Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da Informação da Universidade Lusófona
Os antropólogos procuram uma resposta sobre a origem do ato de beijar. Terá sido aprendido para tentar materializar o ato de afeção? Ou será algo intuitivo que se explica por não ser um exclusivo dos humanos? A origem do beijo é bastante antiga. Uma beijoca é um ato de consentimento, onde se verifica a entrada na privacidade de alguém através de aproximação que invade o espaço íntimo para terminar no toque de dois corpos. Beijar é uma união física e espiritual. Isso pode ser muito bom, mas também pode ser horrível. A validação feita nessa escala dá singularidade a cada beijo.
Talvez nunca se tenha feito a contabilidade de quantos beijos serão dados por dia no planeta. A metodologia a utilizar nesse estudo jamais encontraria base científica. Como contabilizar os beijos quando alguns são tão apaixonados e demorados, que valem por 2 ou 3, 4 ou 5, beijos mais suaves e descontraídos. Cada beijo é único porque traz consigo o sentimento de cada pessoa num determinado momento e em relação ao parceiro/a do beijo. Pode ser apaixonado, de respeito, de carinho, de despedida e por aí fora.
Beijar marca presença na arte. O grande hit deste verão distribui beijinhos para todos e arrancou muitos minutos de dança, até para os pés de chumbo: Preço Certo de Pedro Mafama, inspirado no ‘quer mandar beijinhos para alguém?’ do ator/apresentador Fernando Mendes.
Para mim, o beijo mais impactante de sempre foi dado em direto na televisão. Foi já neste século, por isso, é o beijo do século. Envolve a Seleção Espanhola de Futebol e aconteceu na euforia de uma final do campeonato do mundo, ganha por esta seleção. Os festejos estavam ao rubro e um dos intervenientes não se conteve e toca de dar um chocho a outro interveniente na festa. Todo o mundo viu. O beijo do guarda-redes espanhol Iker Casillas à repórter de televisão Sara Carbonero, no meio da entrevista, respirou magia e amor. Eles eram namorados e, naquele momento, a emoção mandou a racionalidade às ortigas. Não era o jogador nem a repórter que ali estavam, eram duas pessoas apaixonadas.
Este verão houve um beijo com algumas semelhanças ao beijo do Casillas e Carbonero. Semelhanças nada significativas. Um beijo feio que também envolveu futebol, festejos de conquista do mundial e seleção espanhola, mas sinceramente, não teve piadinha nenhuma.
O beijo do aplauso versus o beijo da pateada.
*Professor Universitário
Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da Informação da Universidade Lusófona