A antiga promessa do ténis francês Angélique Cauchy testemunhou perante uma comissão de investigação, que procura problemas nas federações desportivas do país, que, quando tinha apenas 12 anos, foi violada quase 400 vezes pelo treinador.
A ex-tenista adiantou que durante um estágio de 15 dias em La Baule viveu “as piores semanas” da sua vida. “Ele violava-me três vezes por dia. Na primeira noite pediu-me para ir ao quarto dele e eu não fui. Então veio ao meu. Foi pior. Estava presa, não podia sair quando queria”, acrescentou. Os abusos sexuais duraram dois anos.
Angélique Cauchy, agora com 36 anos, recordou o medo que sentiu, numa altura em que era apenas criança, “eram 13 os passos que me separavam do quarto dele” e sublinhou que as agressões também eram verbais. “Tentei defender-me e pedia-lhe que parasse, repetindo dia após dia ‘não me toque, isto não está bem, não quero’. Mas ele respondia ‘não te preocupes, isto acontece muitas vezes entre os treinadores e as alunas’. Mas eu não queria, ele tinha a idade da minha mãe…”, disse.
O treinador em causa é Andrew Guedes, já condenado a 18 anos de prisão, e que na altura lhe dizia que que estava infetado com HIV. “Vivi entre os 13 e os 18 anos a pensar que tinha sida. Pensei muitas vezes em suicidar-me, violou-me três vezes por dia! Vivi um pesadelo que arruinou a minha carreira”, afirmou.
Cauchy garantiu ainda que havia pessoas à sua volta que sabiam o que estava a acontecer. “No mundo do ténis sabia-se que ele não era correto com as raparigas. Às vezes diziam-me ‘sim, está com esta ou saiu com aquela’. Mas aos 38 anos não sais com uma miúda de 15 e muito menos a violas! Uma mulher avisou o presidente do clube, ao que ele respondeu ‘sim, mas ele traz-nos títulos”.