“Ninguém gosta de envelhecer mas sinto-me lindamente, não sinto o peso que as pessoas dão aos 50”

Começou a carreira televisiva enquanto assistente do ilusionista Luís de Matos, mas ao contrário do que acontecia nos truques de magia, desde então nunca mais desapareceu do pequeno ecrã. Com quase três décadas de carreira, há mais de 25 anos que espalha alegria na praça da RTP, todas as manhãs, de segunda a sexta. Mãe de três filhos e mulher do norte, a apresentadora, bailarina e também cantora, de 52 anos, garante: “Continua a ser para mim um privilégio fazer televisão e a ‘Praça da Alegria’”.

Encontramo-nos no hotel Vila Galé Porto Ribeira, situado entre o rio Douro e os Jardins do Palácio de Cristal, onde guarda grande parte das suas memórias de infância.  É sexta-feira e o relógio marca 15 horas. O dia de Sónia Araújo começou como é habitual antes das sete da manhã. Depois de fechar mais uma semana na apresentação do programa ‘Praça da Alegria’, falamos sobre um pouco de tudo: apresentação, dança, música, redes sociais, vida… Sobre o Porto e Gaia, cidades por onde se divide na lufa-lufa do dia-a-dia.

A caminho de completar 30 anos de carreira, recordamos o primeiro projeto profissional em televisão, ao lado de Luís de Matos, no programa ‘Isto é Magia’, da RTP. Em 1994 integrou o corpo de bailarinos do ‘1,2,3’, no primeiro canal, seguindo-se o programa ‘Chuva de Estrelas’, também no papel de dançarina. Dois anos depois surge com Manuel Luís Goucha no programa ‘Avós e Netos’ e é também a partir daqui que começa a sua jornada no ‘Praça da Alegria’.

Vestida com um conjunto branco, aos 52 anos, Sónia Araújo apresenta-se serena, sorridente e de bem com a vida.

O Porto não é um lugar, é um sentimento», escreveu Agustina Bessa-Luís. Foi um sentimento que fez com que quisesse ficar sempre por aqui?

A resposta é, claramente, um sim! É a cidade onde nasci, a cidade onde tenho os meus pilares, a minha família. Gosto de estar perto deles. Gosto de estar rodeada pela família e perto dos meus amigos e das minhas bases, mas também sempre senti que tinha este privilégio de conseguir trabalhar na minha cidade, o que é ótimo, porque foi aqui que comecei também em televisão, apesar de já ter rumado várias vezes a Lisboa. Mesmo no início da minha carreira televisiva estive uma temporada grande a viver e a trabalhar em Lisboa, mas poder regressar ao Porto e ter aqui a minha base enquanto profissional… sinto-me privilegiada. Há tanta gente que está deslocada do seu meio, da sua cidade…

Cresceu bem perto do sítio onde nos encontramos e passou grande parte da sua infância nos jardins do Palácio de Cristal. Que recordações e memórias tem desses tempos?

As melhores! A minha infância foi sempre muito feliz, muito tranquila. É engraçado que tenha tocado no Palácio de Cristal. Não foi a minha primeira morada, ainda estive com os meus pais e com o meu irmão em Gaia, mas vim para o Porto com dois meses. Para mim, Gaia e Porto é semelhante [risos].

Há quem fique ofendido com essa junção, não é?

Há quem fique. Eu não fico nada, nada. Hoje em dia vivo em Gaia, por isso, aproximo muito as cidades e todos os dias faço Gaia-Porto e Porto-Gaia. Mas habituei-me, desde pequenina, a ir para os jardins do Palácio de Cristal e depois, mais tarde, quando já era mãe, também levava os meus filhos a passear lá. Na altura, quando ainda tinha o meu avô materno, que era transmontano e esteve durante uns tempos a viver connosco, no Porto – porque já estava debilitado, precisava de alguns cuidados e a minha avó já tinha partido –, também o levávamos a passear aos jardins do Palácio de Cristal. As minhas memórias passam muito por aí. Foi lá também que aprendi a andar de bicicleta e fiz muitos passeios, até hoje.

O que faziam os seus pais?

A minha mãe é enfermeira, está reformada embora ainda trabalhe no [sector] privado, mas pontualmente. O meu pai sempre esteve ligado ao ramo ótico. Teve uma ótica, mas também já está reformado.

Foi ainda em criança que surgiu a paixão pela dança e pediu aos seus pais para ir para as aulas de ballet…

Foi, foi. Normalmente acontece porque temos alguém na família ligado às artes, mas no meu caso não, de maneira nenhuma. O meu irmão seguiu a minha mãe, foi para enfermeiro.

Irmão mais velho?

Sim, três anos e meio. Portanto, não tinha ligações nenhumas à dança ou à arte. Simplesmente acho que foi um gosto que foi nascendo comigo, cada vez que via dança na televisão ou ao vivo em teatros, aquilo mexia comigo. Desde muito pequenina sempre soube que queria experimentar aquilo e depois chateei os meus pais para me inscreverem numa escola de dança, e assim fizeram, aos 9 anos.

E mais tarde, quais eram os seus planos quando optou por ingressar na Faculdade de Direito?

Mas sempre com o pensamento na dança, atenção! A Faculdade de Direito surgiu porque sabia que a dança, em Portugal, era uma área complicadíssima de vir a exercer profissionalmente…

Então o curso de Direito era um plano B?

Exatamente. Pensava no Direito como um plano B, se [a dança] desse para o torto…

Perdeu-se uma boa advogada?

Não, não… Claro que tirei o curso com toda a seriedade e empenho possível, e nunca quis desistir. Apesar de ser um curso muito trabalhoso – no meu tempo ainda eram cinco anos mais um ano e meio de estágio –  fiz tudo porque, para mim, também não fazia sentido chegar a um patamar e desistir. E entretanto já estava a trabalhar. A televisão surgiu a meio do curso.

Os seus pais impuseram-lhe essa obrigação?

Não… Eu sabia que se desistisse ia desiludi-los, mas isso nunca me passou pela porque, em primeiro lugar, ia desiludir-me a mim. Pensava: ‘Fiz tanto esforço para entrar na faculdade, estudar, conseguir conciliar o trabalho e os exames e agora vou desistir a meio? Não, não. Quero ficar com o meu canudo e com a minha formação e quero ir até ao fim!’. Quando meto uma coisa na cabeça sou teimosa e não gosto de deixar as coisas a meio.

Mas, a verdade, é que a dança da vida acabou por levá-la por outros caminhos… Foi assistente do ilusionista Luís de Matos. O que é que guarda dessa época?

Essa foi mesmo a minha primeira experiência televisiva, com o Luís de Matos [no programa ‘Isto é Magia’, da RTP]. E foi a melhor possível! O Luís de Matos já foi considerado o melhor mágico do mundo e é um dos melhores mágicos portugueses. Ter trabalhado com o Luís, para mim, foi uma ótima experiência enquanto apreciadora do trabalho dele. Ver a capacidade que tem de trabalho, a equipa que andava à volta dele e pertencer a esse meio foi fascinante, deu-me uma bagagem incrível em termos de método de trabalho porque ele é muito obcecado com o trabalho, é muito perfecionista. Eu também sou um bocadinho assim, mas ele é mais [risos]. Somos amigos até hoje.

E de uma forma muito orgânica acabou por tornar-se apresentadora. Ao contrário do que acontecia nos truques de magia, desde então nunca mais desapareceu do ecrã…

Pois não… Tive outra experiência incrível, quando vivi três anos em Lisboa, que foi o ‘1, 2, 3’, aí também estava na minha praia porque estava a trabalhar em televisão e a dançar. Foi uma grande escola para mim. Fez-me sair de casa, na altura, uma experiência de emancipação, apesar de ter 20 anos ainda era uma miúda. Para os meus pais foi um abanão, de repente, verem a filha mudar de cidade… Mas sem dramas.

Sabiam que era ajuízada?

Sabiam que podiam confiar em mim e que eu não ia deixar os estudos porque não me estava a iludir com a televisão. Eu sabia que tinha essa seriedade e compromisso, antes de mais, para comigo própria: não iria deixar o curso a meio e conseguiria conciliar tudo, e assim foi. Continuava inscrita na Universidade Lusíada [no Porto], estava a viver em Lisboa, mas vinha aqui [ao Porto] quando tinha exames e, já no último ano, consegui transferência para o 5º ano na Lusíada de Lisboa – onde estive em regime pós-laboral até concluir o curso. Era uma menina bem comportada [risos], os meus pais incentivaram-me e deram-me todo o apoio. Sempre quis ser independente desde muito cedo, ter o meu dinheiro para pagar as minhas coisas e hoje é engraçado que a minha filha é tal e qual como eu, quer muito ter essa independência financeira, apesar de não lhes faltar nada, mas fico muito contente que ela também tenha esse sentido de saber o que custa a vida, de saber que o dinheiro não cai do céu e que temos de trabalhar para aquilo que nós queremos, que existem prioridades na vida, que se quer muito uma coisa tem que se esforçar para tê-la e que não são outras pessoas que vão tratar da vida dela.

A apresentar o ‘Praça da Alegria’ há mais de um quarto de século, o que é que continua a ser muito bom como no primeiro dia e o que é o pior? 

O pior, se calhar, é ter a mesma rotina e horários há 27/28 anos. Por outro lado, o pior pode ser também o melhor porque estou a fazer uma coisa de que gosto. Apesar de ser um programa que tem tanto tempo e tanta história, continuo a conseguir reinventar-me, continuamos [enquanto equipa] a ter alento para fazer sempre melhor e diferente: a termos ideias, a querermos fazer coisas novas e estarmos felizes com o que fazemos. Tenho uma equipa incrível, somos uma família. Ou seja, vou trabalhar com alegria, não vou contrariada ou a pensar: ‘Ai, lá vou eu outra vez’. É uma alegria porque, de facto, estou com pessoas de quem gosto e que gostam de mim, estimam o meu trabalho, estamos ali todos focados em fazer o nosso melhor. Agora, se saio de lá todos os dias feliz? Obviamente que isso não acontece! Há dias em que saímos frustrados, queríamos ter feito outra coisa, queríamos ter feito melhor, também há contratempos, fazem parte. Continua a ser para mim um privilégio fazer televisão e a ‘Praça da Alegria’, um programa a que tiro o chapéu todos os dias. É mesmo um feito. Mas não há dúvida que o daytime e o direto, de segunda a sexta-feira, suga-nos muito, é muito intenso, é pesado, são muitas horas. O direto obriga-nos a estar focadíssimos, cansa física e mentalmente. É desgastante, mas eu gosto!

Como é um dia na vida da Sónia Araújo?

Acordo entre as 6h30 e as sete menos um quarto. A minha filha mais velha já está na faculdade e já tem carta, portanto, já está muito mais autónoma – ou vai de transportes públicos ou vai de carro. Os mais pequenos [os gémeos], têm 14 anos, ainda sou eu que os deixo na escola a caminho do trabalho, ainda por cima é ali tudo muito perto. Tem sido assim nos últimos dois anos, embora às vezes seja o meu marido. Depois sigo para a RTP, onde consigo quase todos os dias estar às 7h50/8h da manhã. As pessoas podem pensar: ‘Então, mas se só entras no ar às 10h porquê a essa hora?’. Temos que nos arranjar, fazer a makeup, os cabelos e, depois, há sempre uma reunião de alinhamento, antes e depois do programa.

E à tarde prepara o programa do dia seguinte?

Sim, depois de a produção me preparar um dossier sobre o programa do dia seguinte, em casa faço o meu trabalho pessoal de estudo.

Já disse que nunca se deslumbrou ou iludiu com a profissão. Nem mesmo no início da carreira?

Pode acontecer naturalmente, mas não me fez ficar uma pessoa diferente. É um trabalho como outro qualquer, tem os seus prós e contras, as suas exigências, só que sou uma figura pública. Claro que é bom quando nos cumprimentam, quando nos elogiam, quando nos dão os parabéns pelo nosso trabalho, isso é muito lisonjeador, são incentivos bons. Qualquer pessoa gosta de elogios.

Como lida com a aborgagem das pessoas na rua? Deve acontecer com bastante frequência.

Sim, acontece, mas eu lido muito bem porque as pessoas são tão queridas para mim, são tão simpáticas. É muito raro ter más experiências, aliás não tenho mesmo. Essa parte social e pública do meu trabalho não me incomoda. É óbvio que às vezes posso estar menos bem disposta, posso não estar tão sorridente, mas as pessoas também não têm culpa disso. Sou simpática para toda a gente ou tento corresponder quando são simpáticos para mim.

O ballet exige muita disciplina e rigor. Também lhe dá a graciosidade para gerir momentos mais complicados na televisão ou até, se necessário, colocar-se em pontas? Não deixa de ser uma profissão de egos…

[risos] A questão está muito bem colocada. Em primeiro lugar a questão da disciplina e de cumprir horários, que aprendi desde tenra idade. Um bailarino tem de ser muito disciplinado na sua vida, quando gosta mesmo e quando quer fazer disso a sua profissão sabe que tem de ter X horas para trabalhar o corpo, sabe que se quer atingir determinado objetivo tem que trabalhar para isso. Não é fácil, as coisas não caem do céu, só com trabalho e esforço diário e intenso, portanto essa disciplina foi importante. Depois, o autoconhecimento: um bailarino está constantemente a confrontar-se com o seu próprio corpo, a sua própria postura, aprende a conhecer-se muito cedo. Tudo isso, disciplina, autoconhecimento e capacidade de improviso são características que me dão jeito, pela vida fora e em qualquer circunstância, mas também a trabalhar com público, com a imagem e com câmaras. Até a lidar com imprevistos.

Apesar da exposição diária, acaba por ter uma vida muito reservada. Que características tem que fazem com que os outros digam que é «uma mulher do norte»?

[risos] A mulher do norte, por norma, é determinada, portanto, acho que me encaixo nesse perfil. É também uma mulher muito afetuosa. Nós gostamos do afeto, do abraço, do beijo, de interessarmo-nos por quem está ao nosso lado, de ligar… E também gostamos do convívio à mesa! [risos]

E de comer bem.

Eu gosto de comer e de beber bem também! [risos]

No seu caso muitos diriam: ‘oh, não come!’ Ou que come pouco…

Como, como [risos]! Tenho regras, obviamente, mas gosto muito de comer!

A minha próxima pergunta até vinha a propósito disso mesmo. Dada a altura do ano as últimas notícias quando pesquisamos por Sónia Araújo…

O que é que aparece? O que é que aparece? [risos]

São sobre a sua condição física. E o que queria perguntar é: estaria rica ou milionária se lhe pagassem por cada vez que perguntam qual o segredo para estar em tão boa forma?

Se calhar era uma boa ideia! [risos] É verdade, perguntam-me muitas vezes, mas não há segredo. Lá está, é disciplina. Sei que se quiser chegar aos 60, 70, ou 80 anos com qualidade de vida tenho que começar a cuidar-me aos 30 ou aos 40. Isso implica cuidar da alimentação, mas acima de tudo fazer exercício físico. E eu, que sempre me habituei a trabalhar o corpo através da dança, não poderia agora simplesmente abandonar o exercício físico. Provavelmente já estaria com outro tipo de fisionomia tendo em conta que gosto de comer [risos]. Tento fazer essa gestão entre gostar muito de comer e o exercício físico. Não é um sacrifício, eu gosto.

Mas se fosse fácil todos faziam.

Também há a vaidade de gostarmos de nós, a questão da autoestima e, mais importante ainda, a mobilidade, que é algo que me preocupa. Quando passamos os 50 temos de pensar na mobilidade, é isso que nos faz envelhecer bem. E é importante continuarmos a trabalhar o nosso físico porque também se reflete aqui no 5º andar [na cabeça].

Alguma vez tira férias dessa disciplina e desse autocontrolo?

Ai sim, sim. Nas férias não treinei durante 20 dias, aí foram mesmo férias e também não tive grandes restrições alimentares. Agora, em setembro, volta a cortar tudo [risos].

Nessa profissão, é diferente como se lida com o processo de envelhecimento?

É inevitável, mentiria se dissesse que envelhecer não me preocupa, ninguém gosta de envelhecer, mas sinto-me lindamente com 50 anos. Não me sinto com o peso que as pessoas dão aos 50 anos, às vezes até me faz confusão cada vez que as perguntas são direcionadas: «Agora que tem 50 anos…», parece assim que os 50 são uma barreira para a mulher e, infelizmente, ainda se pensa muito assim – antes dos 50 e depois dos 50 -, como se a vida da mulher tivesse que mudar necessariamente. Só porque entra na menopausa morre para a vida? Morre para a relação sexual? Morre para ter uma vida nova? Para começar uma relação seja profissional ou pessoal? A mulher pode perfeitamente começar uma vida nova com essa idade se tiver saúde e vontade para isso. Não me revejo na mulher dos 50… Não gosto de perder faculdades, não gosto de ter as dores nas costas que às vezes tenho, não gosto quando as rugas aparecem, mas vamos fazendo um tratamento, colocando uns cremes e tal [risos].

Os procedimentos estéticos também têm sido muito comentados.

Sim, mas não faço cirurgias. Vou fazendo pequenas coisas não invasivas e até agora tem funcionado. Por que não? Se elas estão ao nosso alcance e se nos fazem sentir melhor…

Relativamente às redes sociais, são muito poucos, mas como é que lida quando tem comentários negativos? Há pouco tempo deu que falar quando respondeu a um crítico que comentou sobre o facto de publicar fotografias em bíquini…

Eu nunca respondo e, nesse dia, quando respondi foi assim uma coisa, meu Deus [risos].

O que é que aconteceu nesse dia?

Foi um ímpeto, não foi um ‘ai, este merece resposta’, não foi isso. Só achei graça, foi uma coisa tão espontânea da minha parte… Se a pessoa não gosta de mim por que é que me está a seguir? Para criticar gratuitamente? As redes sociais infelizmente têm muito isso, as pessoas escondem-se atrás de um perfil – muitas vezes falso – para despejarem tudo o que lhes vai na alma e só porque estão de mal com a vida, não têm mais nada para fazer. Achei aquele comentário gratuito e respondi até com uma certa ironia.

Não se reserva a publicar nada ou às vezes pensa duas vezes antes de partilhar?

Sim, sim penso! É uma coisa pensada e refletida por mim, sou eu que faço a gestão das minhas redes sociais. A Glam – a minha agência –, ajuda-me em termos comerciais. Publicações sobre questões pessoais ou do meu dia a dia são muito orgânicas, sou eu que publico e que escrevo. Sei que é uma responsabilidade muito grande quando se tem muitos seguidores. O facto de estar ‘no ar’ todos os dias com um público tão vasto, que vai dos 8 aos 80, feminino e masculino, jovens e menos jovens, sei que tenho de falar para essas pessoas e tenho uma certa responsabilidade naquilo que digo. Penso muitas vezes naquilo que publico, mas gosto de não perder uma certa espontaneidade.

A propósito desse público vasto, tem um outro projeto, desde 2013: ‘Sónia e as Profissões’. É um álbum que visa o público infantil e um fenómeno no YouTube, com algumas das canções a ultrapassarem os 10 milhões de visualizações…

Foi, foi um fenómeno que não estava à espera quando comecei o projeto. Não me passava pela cabeça cantar ou ter um projeto infantil, mas depois experimentei, correu bem, começámos a fazer espetáculos ao vivo, fui disco de platina! Os meus vídeos continuam a ter imensas visualizações e acho que parte do segredo desse projeto foi o facto dos conteúdos serem muito bem pensados. O facto de muitos professores usarem as minhas músicas para ensinarem na escola, aproveitam essa parte lúdica para chegar mais rapidamente ao coração das crianças. No fundo é isso que as minhas músicas fazem.

O que ainda gostaria de fazer a nível profissional? Alguma meta ou objetivo?

Não há nenhuma meta, nem penso a longo prazo, gosto de ser permanentemente desafiada como fui, na altura, no ‘Cosido à Mão’ ou no ‘Dança Comigo’. São projetos que me deram imenso gozo porque também me ponho à prova e exploro outras coisas. Sou um bocadinho bicho carpinteiro e gosto de estar sempre a experimentar. Não há nenhum programa em concreto que diga que gostava de fazer – quero continuar na Praça da Alegria e ter oportunidades fora da Praça da Alegria também.

É uma pessoa de relações longas tanto a nível pessoal como profissional. Faz-lhe confusão esta pressa da sociedade atual em que tudo se torna um bocadinho descartável e existe uma necessidade de estar em todo o lado e com todas as pessoas?

É fruto do nosso modo de viver agora. É tudo muito rápido, a comunicação é muito rápida, toda a gente sabe da nossa vida através das redes sociais, somos criticados com facilidade, toda a gente tem opinião sobre tudo, somos muito influenciados por vários estímulos. Esse exagero de estímulos não é, se calhar, tão saudável. Não diabolizo as redes sociais nem a tecnologia, de maneira nenhuma, é uma ferramenta de trabalho, por exemplo, para mim importantíssima, tem é que haver equilíbrio. É isso que tento fazer com os meus filhos, obviamente que não consigo afastá-los de telemóveis, de playstations, eles têm é que ter regras.

Quais são para si os pequenos prazeres da vida?

O prazer de estar com os amigos, de sair, de descontrair ao fim de semana, de ir jantar fora, coisa que sempre adorei desde pequenina. A minha mãe conta-me que eu comia sempre melhor quando íamos ao restaurante [risos]. Gosto muito desse convívio e gosto muito dos convívios também em casa, convidar a família e fazer uma churrascada.

Agradecimento ao HOTEL VILA GALÉ PORTO RIBEIRA