A Organização da Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) classificou, na quarta-feira passada, 139 lugares de memória da 1ª Guerra Mundial em França e na Bélgica, incluindo o cemitério de Richebourg, onde estão sepultados 1831 soldados portugueses que morreram no conflito.
Esta é uma candidatura conjunta, iniciada em 2017, pela França e Bélgica, e cuja apreciação tinha sido adiada para 2021. Dois anos depois desta data, a UNESCO conferiu o estatuto de Património Mundial da Humanidade a estes lugares, muitos deles cemitérios, que evocam a memória dos soldados mortos na I Guerra Mundial.
O cemitério de Richebourg no departamento de Pas-de-Calais, onde entre 1924 e 1938 foram sepultados 1831 soldados portugueses, faz parte deste conjunto, e nas últimas décadas tem aproximado esta região de Portugal.
Bruno Cavaco, cônsul honorário de Portugal em Lille, afirmou em declarações à agência Lusa que “Somos o território da I Guerra Mundial e por isso há amizade, cooperação internacional, valorização da memória e muitos voluntários para fazer viver esta memória”.
O cônsul acrescenta que “a ideia de desenvolver mais o conhecimento sobre a participação portuguesa na Guerra e o turismo da memória, é algo muito importante” não deixando de dar o exemplo da ida do presidente da Câmara de Richebourg à casa do soldado milhões, realçando que “há uma grande cooperação entre as cidades”.
A manutenção do cemitério tem estado, ao longo dos anos, ao encargo da Associação União Franco-Portuguesa de Richebourg, que lidera anualmente as comemorações da participação dos soldados portugueses neste conflito, apoiada pelas autoridades locais. O cemitério foi recentemente alvo de obras por parte do Ministério da Defesa de Portugal, com o então ministro desta pasta, João Gomes Cravinho, a dizer que o investimento na memória é “um investimento no presente e no futuro”.
Em 2018, este cemitério já tinha recebido obras de requalificação já que fez parte das celebrações do centenário da Batalha de La Lys, a maior derrota militar portuguesa na I Guerra Mundial, recebendo a visita do presidente Marcelo Rebelo de Sousa, mas também do presidente francês, Emmanuel Macron. Só na batalha de La Lys terão morrido cerca de 500 portugueses e milhares foram feitos prisioneiros.
A classificação deste conjunto de monumentos engloba ainda um cemitério indiano, vários cemitérios ingleses e canadianos e também um cemitério chinês, com 842 campas de chineses que trabalhavam para o Exército britânico e que pereceram durante os combates.
A Comissão do Património Mundial da UNESCO está reunida até 25 de setembro, em Riade, na Arábia Saudita, apreciando as candidaturas de monumentos em todo a mundo.