Foi um dos primeiros centros comerciais a abrir em Portugal, aliás ainda se diz centro comercial, mas está muito longe de cumprir os requisitos. O Palmeiras Shopping, em Oeiras, que se encontra entre as várias torres de habitação, de cor de tijolo, tal como a fachada do próprio centro, tornou-se num espaço de tal forma decadente que, do nome Palmeiras, só lhe assenta bem a sombra.
Calhou passar por lá e a primeira impressão até faz crer que está encerrado – mas, depois de consultado o horário, confirma-se que não. Aberto das 10h às 23h, os 7 dias da semana.
Ainda na rua é possível perceber uma mudança crucial: durante largos anos, um dos motivos que levava vida ao espaço, a outrora pastelaria Lua de Mel, foi substituída por um restaurante de ramen, não fosse a sopa japonesa uma das últimas modas. E o pior confirma-se depois de entrar: um átrio gelado, onde em tempos se promoviam várias iniciativas – recordo as “feiras do livro” que ali se montavam nos fins de semana, ainda haverá? – e um Shopping reduzido a salões de beleza (uns 10? 15?) e uma ou outra loja de roupa entre os vários espaços abandonados. Ao percorrer os corredores, podia dizer-se que o cenário era de fim do mundo e que só uma dezena de pessoas sobreviveu – até os poucos trabalhadores parecem olhar com estranheza verem por lá passar alguém. Cá em baixo, a zona dos cinemas mantém-se igual, com o antigo quiosque de venda e as molduras para os cartazes que dão a conhecer os filmes em exibição. Há muito tempo que ali já não passa um filme ou se comem pipocas, apesar do contexto apresentado ter todos os ingredientes para uma obra cinematográfica de suspense. As três televisões penduradas num poste ao centro do átrio estão ligadas, talvez para alguém que entre por engano por ali adentro. As escadas rolantes estão fora de serviço. E de repente até isso já faz sentido, indo ao encontro de tudo o resto: tudo tão parado…
É a decadência total de um projeto outrora considerado visionário e antigo ponto de encontro de várias gerações. Resta um espaço tétrico, que ainda tem o nome, mas a que se pode chamar tudo menos de um centro comercial.