Numa nota enviada às redações, esta terça-feira, o grupo de saúde do CDS-PP critica as novas medidas anunciadas pelo governo relativamente às reformas no SNS. Os centristas defendem que estas medidas representam uma “uma visão hospitalocentrica do sistema, e muito limitada à resposta estatal, não tendo em conta o sector social e privado”.
O CDS-PP condena a escolha do novo modelo de gestão dos cuidados de saúde, agora organizados em Unidades Locais de Saúde (ULS), defendendo que o Ministério da Saúde avançou com o plano “apesar dos (poucos)estudos existentes não demonstrarem nisso vantagem significativa” acrescentando que “nenhuma das 8 ULS já existentes estar isenta de falhas (défice de profissionais de saúde; caos nas urgências; listas de espera para consultas e para cirurgias a crescerem; etc.) ou apresentarem melhores resultados”.
“Dever-se-á questionar o porquê da escolha deste modelo, sem provas dadas, em detrimento de qualquer outro, inclusive o da gestão em Parceria Público Privada (PPP), que, ao contrário das ULS, apresenta sólidos resultados e ganhos em saúde” explica o CDS-PP em comunicado, questionando ainda “se não será por obsessão ideológica?”
O grupo de saúde vem ainda criticar o novo modelo de “dedicação plena” que faz parte das medidas aprovadas pelo Ministério da Saúde, apontando que a decisão foi tomada “unilateralmente, e frontalmente contra todas as estruturas representantes dos médicos”.
“De acordo com o que até hoje se conhece, pagar-se-á um suplemento de salário a todos aqueles que assim sejam contratados (num esforço laboral enorme, uma vez que serão obrigados a trabalhar muito além do recomendável), sem que daqui se vislumbre nenhum ganho importante para o sistema e, principalmente, para o utente” lê-se na nota.
Os centristas criticam também a solução apresentada pelo Governo para resolver o problema da baixa adesão dos médicos obstetras à realização da interrupção voluntária da gravidez (IVG) afirmando que é um “processo clínico complexo, que exige garantias de segurança”, mas que ao passar a poder ser realizado por médicos de família “nos centros de saúde, de forma mais ’aligeirada’” é uma “falta de respeito pelos clínicos” e um “risco acrescido para grávidas”.
“Os problemas de acesso aos cuidados de saúde dos portugueses infelizmente avolumam-se, com notícias diárias que o atestam. Não é alterando o modelo de gestão das unidades de saúde para um mega organismo com provas não validadas, nem com “meias-verdades” e propaganda que se fazem as reformas que tanto faltam e que em 8 anos este MS [Ministério da Saúde] não foi capaz de aplicar” lê-se na nota.
O CDS vê estas medidas apresentadas pelo Governo como “agitação estéril e mera propaganda sobre o SNS” defendendo que “agitação não é a mudança que os portugueses clamam nos serviços de saúde, muito menos o avanço que tarda e que os socialistas são incapazes de concretizar”