O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, alertou, esta terça-feira, para um possível aumento dos arsenais nucleares, numa “nova e preocupante corrida armamentista” não registada há décadas, com armamento mais “rápido, preciso e furtivo”.
Guterres lançou um alerta para “uma nova preocupante corrida armamentista” numa reunião plenária de alto nível para promover o Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares, reforçando a “verdade fundamental” de que a única maneira real de impedir o uso de armas nucleares “é eliminá-las”.
O secretário-geral explicou que “qualquer utilização de uma arma nuclear – a qualquer hora, em qualquer lugar e em qualquer contexto – desencadearia uma catástrofe humanitária de proporções épicas” assegurado que aquilo que dizia não era uma “hipérbole”, deu o exemplo da “mensagem intemporal dos Hibakusha – os sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki”.
“Para eles – e para o mundo – prometi fazer tudo o que estiver ao meu alcance para reunir os países em torno da necessidade de eliminar da face da terra estes dispositivos de destruição. Esta é uma questão urgente. Uma nova e preocupante corrida armamentista está a formar-se. O número de armas nucleares poderá aumentar pela primeira vez em décadas”, acrescentou o responsável.
Na reunião, que decorreu na sede da ONU em Nova Iorque, o secretário-geral apontou que durante longos anos foram conquistadas normas para impedir a utilização, propagação e testes de armas nucleares, sendo que estas estão “a ser minadas” e que a arquitetura global de desarmamento e não-proliferação está a “desgastar-se”.
Para o líder das Nações Unidas, devem ser os Estados com armas nucleares “mais rápidas, mais precisas e mais furtivas” a liderar o caminho, cumprindo as suas obrigações de desarmamento e comprometendo-se a nunca utilizar armas nucleares em nenhuma circunstância.
“Em nome de todas as vítimas de testes nucleares, apelo a todos os países que ainda não ratificaram o Tratado para que o façam sem demora, e para aqueles Estados que possuem armas nucleares garantam uma moratória sobre todos os testes nucleares”, disse, insistindo no reforço e reafirmação dos compromissos com o regime de desarmamento e não-proliferação nuclear.
Por fim, Guterres defendeu a redistribuição de “ferramentas intemporais” como o diálogo, a diplomacia e a negociação para aliviar as tensões entre Estados e acabar com a ameaça nuclear.
“Este diálogo teve também abordar a crescente interação entre armas estratégicas e armas convencionais, bem como a ligação entre armas nucleares e tecnologias emergentes, como a inteligência artificial”, reforçou.
“O mundo passou demasiado tempo à sombra das armas nucleares. Vamos afastar-nos da beira do desastre. Vamos inaugurar uma nova era de paz para todas as pessoas. Vamos fazer história relegando as armas nucleares para a história”, concluiu.