Aproveite o pós-férias para fazer uma análise à sua carteira

A inflação continua a não dar tréguas e quem tem filhos a estudar deparou-se agora com gastos extra. Por isso, nada melhor do que aproveitar esta altura para analisar e se necessário equilibrar as suas despesas.

Esta é uma das alturas ideias para fazer um balanço da sua situação financeira. Tal como as empresas, também as famílias devem avaliar o estado das suas finanças, organizar as contas e definir objetivos, principalmente se vier de uma fase de gastos acrescidos. A subida da taxa de inflação e um novo aumento dos juros torna esta tarefa mais complicada, daí ser importante definir um plano realista para as finanças familiares. Mas antes de definir uma estratégia, o ideal é conhecer bem o estado atual das suas contas.

Elabore mapa de receitas e despesas
O primeiro passo para avaliar a saúde das suas finanças é saber para onde está a ir o dinheiro. Faça um mapa de receitas e despesas, apontando diariamente todos os encargos, do empréstimo da casa ao café. Só fazendo uma lista exaustiva das despesas vai ser possível avaliar o caminho que o seu dinheiro está a tomar. Além disso, será possível avaliar o peso das diferentes despesas no orçamento familiar, de forma a reequilibrar as contas lá de casa. Por exemplo, no caso das despesas com a casa (empréstimo, juros, água, luz, gás, etc.), o ideal é que elas não pesem mais de 35% a 40% no seu orçamento total.

Analise a sua capacidade de endividamento
Este indicador é cada vez mais importante para os bancos quando um cliente pede um empréstimo. Ou seja, é a chamada taxa de esforço. E o que significa isto? Na prática, não é mais do que verificar quanto pesam os créditos no seu orçamento. Quanto menor for o peso dos créditos no orçamento familiar, melhor. Por isso, verifique o que acontece no seu caso. Se os créditos ultrapassam os 40% e prevê que esse valor aumente, tenha atenção, porque está na zona de alerta e deve iniciar um plano para reduzir o endividamento o mais rapidamente que conseguir. Caso contrário, pode cair numa situação de risco que é a de sobre-endividado.

Conheça o seu estado financeiro
Financeiramente saudável, equilibrado, endividado ou sobre-endividado: qual o seu estado? Este indicador é o ideal para avaliar a sua situação atual. Ou seja, saudável será quem poupa mais de 20% do rendimento mensal. Financeiramente equilibrado será quem põe de parte até 20% do rendimento mensal. Endividados serão os que não conseguem poupar, ou seja, gastam tudo o que ganham; por fim, os sobre-endividados serão os que gastam mais do que ganham e já não conseguem pagar as dívidas. O importante é que consiga pôr algum dinheiro de parte. Estabeleça um valor para a poupança – por exemplo, 10% – a fazer assim que receba. Nunca espere pelo fim do mês para ver se sobra, porque geralmente isso não acontece.

Elimine os gastos excessivos
Não há nenhuma fórmula mágica para ter as contas equilibradas e conseguir poupar. Pelo contrário, é mais simples do que parece: ou ganha mais ou gasta menos. Como nas finanças pessoais nem sempre é fácil aumentar os rendimentos, há que controlar os custos. Depois de fazer o mapa de receitas e despesas, deve procurar identificar os gastos desnecessários que podem ser reduzidos ou eliminados sem que isso afete o seu bem-estar. Veja quanto pesam no seu orçamento. Pode estar aí a resposta para o facto de não poupar ou poupar pouco.

Veja onde pode eliminar dívidas
Anote todas as dívidas (quanto falta pagar, prestação, prazo e juros) e defina as que quer eliminar. Deve começar pelas dívidas com os juros mais altos. Se a curto prazo não vê qualquer possibilidade de eliminar ou reduzir dívidas, a sua capacidade de desendividamento é baixa. Aproveite os rendimentos extra para reduzir o peso das dívidas. Por exemplo, se está a pensar investir, com o subsídio de Natal, num depósito ronda 1% de juro, mas tem uma dívida num cartão de crédito cujo juro está fixado em 17%, está a pagar ao banco um juro mais elevado do que aquele com que o banco o remunera a si. Se assim for, o ideal é amortizar a dívida. Defina um montante que deve pôr de parte para começar a pouco e pouco a eliminar as suas dívidas.

Verifique a sua situação líquida
Para conhecer a sua situação líquida há que ter noção clara dos seus ativos e passivos. Os primeiros representam o dinheiro que põe no bolso e aquilo que tem valor, enquanto os passivos são as suas dívidas. Por exemplo: os depósitos ou a casa são considerados ativos. Já o empréstimo da casa é um passivo. Avaliar a sua situação líquida vai ajudá-lo a compreender como ficariam as suas finanças se utilizasse todos os ativos para eliminar os passivos. Por essa razão, deverá aplicar a fórmula: ativos – passivos = saldo líquido. Se o resultado for positivo, está no bom caminho. Significa que, se vendesse tudo hoje, teria dinheiro suficiente para pagar as despesas e ainda sobrava capital. Se for negativo, talvez esteja na altura de reavaliar o seu orçamento.

Conheça o seu nível de liquidez
Quando analisa as suas finanças pessoais, é importante que também avalie a liquidez. Para isso poderá utilizar a seguinte equação: ativos líquidos – passivos líquidos = liquidez. São considerados ativos líquidos todos os ativos convertíveis em dinheiro em menos de um ano. Passivos líquidos são as dívidas que podem ser pagas até um ano. O resultado indica o seu estado de liquidez e deve ser maior que um, porque esse é o ponto em que ambos os fatores são iguais. O ideal é que seja maior que dois, o que significa que os seus ativos líquidos são o dobro das dívidas de curto prazo. Por exemplo, se tem 1000 euros em depósitos e tem 500 euros no cartão de crédito, o resultado é 1000/500=2.

Crie um fundo de emergência
Para avaliar a sua condição financeira é indispensável que saiba se está prevenido contra imprevistos. Seja o desemprego, seja uma baixa ou outra situação de emergência, há imprevistos que podem representar um descontrolo total no orçamento. Faça a pergunta: se deixasse hoje de trabalhar, por exemplo, por ficar desempregado, quantos meses conseguiria sobreviver mantendo o mesmo nível de despesas? O ideal é ter um fundo de emergência (em ativos líquidos) que lhe permita viver pelo menos seis meses com o mesmo nível de despesas – ou seja, se tem 500 euros de despesas mensais, deverá ter um fundo de emergência de três mil euros.

Outros truques para poupar no dia-a-dia

Casa
•  Tente poupar nas contas da água, luz e gás. Use lâmpadas fluorescentes e economizadoras, desligue sempre os aparelhos (mesmo em modo de standby gastam energia).
•  Mude de hábitos (duches rápidos, por exemplo) e opte por instalar dispositivos mais eficientes em torneiras, chuveiros e autoclismos que permitem poupar, por família, até 300 mil litros de água por ano.

Alimentação
•  Leve uma lista dos produtos de que precisa, evite ir às compras quando tem fome e opte, sempre que possível, por marcas brancas ou pelas que estão em promoção.
•  Não se esqueça de olhar para as prateleiras de cima para baixo e tenha em conta o local onde vai fazer as compras.

Banca e seguros
•  É sempre desejável baixar o crédito à habitação. Tente renegociar o spread ou pedir um alargamento do prazo, principalmente num cenário
de subida de juros.
•  No caso de ter vários empréstimos pode consolidá-los num só.
•  Nos seguros, contrate apenas as coberturas de que precisa e analise bem a oferta. Pode também optar por um mediador, pois, regra geral, oferecem descontos.

Telecomunicações
•  Verifique se o tarifário se adequa às suas necessidades. As operadoras têm vindo a apostar cada vez mais
em tarifas que permitem chamadas gratuitas mediante.o pagamento de uma mensalidade.
•  Use soluções alternativas, recorrendo a várias aplicações.
•  Na televisão por subscrição, analise a oferta e tente aproveitar as promoções. Subscreva apenas os canais que sabe que vai ver.

Transportes
•  Opte pelos transportes públicos
•  Se usa carro pode moderar a utilização do ar condicionado e adotar uma condução que baixe o consumo de combustível.