O país vive numa grave crise moral da qual só se libertará através de um forte sobressalto cívico. Tudo começou em 2015 quando um político perdedor inventou uma fórmula que tinha escondido durante a campanha, juntando-se às forças mais retrógradas da sociedade portuguesa, para assumir o poder e lá permanecer.
Foram oito anos em que o país usufruiu de fundos comunitários sem igual e de uma política monetária sem precedentes, com taxas de juro nulas ou negativas, que permitiram criar a ilusão de que o país estava no bom caminho.
Não estava, nem está, como facilmente se comprova com o aumento da desigualdade entre estratos sociais, com o crescimento da pobreza, com a infâmia das políticas de habitação e com o descalabro das políticas públicas na saúde e na educação.
A consciência social desta degradação, que verdadeiramente corresponde a uma política de ‘austeridade’ para as camadas mais desprotegidas, é escondida pela propaganda oficial e pela ilusão de um modelo económico dependente do turismo.
Só que isto não anula o problema e o resultado está a ser, para já, o abandono do país pelas gerações mais jovens e mais qualificadas.
Sob o PS de Costa não se conhece um único desígnio nacional ou uma linha de rumo coerente e justa que oriente Portugal para um futuro melhor.
É certo que excluindo Mário Soares (consolidação das liberdades e adesão à CEE) só Cavaco e Sócrates empreenderam verdadeiras reformas na sociedade.
Mas ninguém foi tão mau como António Costa, o fazedor não se sabe bem de quê, pois, quer na atividade privada quer na atividade pública, não se conhece qualquer obra digna de registo, para lá das que resultam da inércia que faz funcionar as Instituições por onde passou.
Talvez seja por isso que a comentadora Clara Ferreira Alves que foi uma das personagens que mais se mobilizou na desqualificação de Seguro a favor de Costa, tenha declarado recentemente na TV que este primeiro-ministro (PM) não será recordado na história do país a não ser por ter sido o pior, depois do 25 de Abril.
Por ter consciência desta situação o primeiro-ministro prepara a sua saída, pela porta dos fundos, para onde lhe der jeito.
Há contudo um pequeno senão que é a ameaça do Presidente da República (PR) de dissolver a Assembleia e convocar eleições no caso de se concretizar um abandono.
Nada que o ‘génio criativo’ de Costa não resolva, até porque, honra lhe seja feita, conhece bem a personalidade do Professor Marcelo.
E é aqui que entra o atual governador do Banco de Portugal.
Se a proposta para PM não recair num profissional do aparelho do PS mas antes numa personalidade dita independente, como Centeno, talvez os pressupostos da fatwa do PR possam ser alterados.
Com Centeno, já se percebeu, não haverá problemas pois foi a sua ‘independência’ nas Finanças que desenhou as políticas que, mais do que beneficiar o país, sempre se destinaram a favorecer a imagem de Costa.
Por isso protagonizou a insólita transferência direta de ministro das Finanças para governador do BP, beneficiando neste caso, surpreendentemente, da aquiescência do então líder do PSD.
Claro que há sempre planos B e se esta estratégia não puder ser aplicada resta a compensação de nomear Centeno para comissário europeu, no lugar da Elisa Ferreira, que recentemente se colocou a jeito com as declarações sobre política de habitação que contrariaram a narrativa de Costa.
A hipótese do BCE não é viável antes de 2027.
Ora aí está a razão pela qual Centeno continua a sorrir, mesmo quando o país tem vontade de chorar.