Sexta-feira. 20h30. Saindo do Largo do Rato para a Rua da Escola Politécnica, a agitação começa logo a sentir-se nos primeiros metros, à porta da cervejaria Real Fábrica. A noite ajuda. A noite ajuda sempre – não se dissesse ela boa conselheira –, sobretudo no final da semana. E é uma noite de verão apesar da estação já indicar ser outono.
Ainda assim, o trânsito não está caótico, mas chegando ao Jardim do Príncipe Real (Jardim França Borges) confirma-se o movimento que se fazia sentir: quiosques e restaurantes à pinha num ambiente que faz acreditar que pouco importa o amanhã. Hoje é sexta-feira, 13, mas esta era só mais uma sexta-feira, por isso não dava lugar a supersticiosos. Aliás, não havia sequer mais lugares. Mas havia vida – e que não falte lugar a quem quiser aproveitá-la, sobretudo quando se trata de uma noite com temperaturas de verão. E, se for um sonho, que nos leve até ao Trindade, no Chiado, para que não falte a arte e a imaginação. Afinal Shakespeare também pode ser Doce, Ala dos Namorados, Marco Paulo, Salvador Sobral ou Carolina Deslandes. E tudo o que pode haver de surpreendente e incrivelmente bom pode caber numa só noite, aliás, num só Sonho de Uma Noite de Verão.
Neste caso com encenação de Diogo Infante e direção musical de Artur Guimarães e um elenco de luxo. Se é um sonho, que valha a pena, e este é de se lhe tirar o chapéu. E mesmo se a partir de hoje for preciso levar o chapéu de chuva, dentro do Trindade – de quarta a domingo – vai ser sempre uma noite de verão.