No passado domingo, 8 de outubro, foi um dia muito especial para a família Salesiana, com a homenagem ao Padre Miguel, fundador da Associação da Juventude Salesiana (AJS).
Nascido na Ericeira em 1923, filho de grupo de 8 irmãos, rapidamente se encaminhou dentro dos caminhos de um seminário, principalmente pela grande amizade familiar de um padre Salesiano Italiano ‘Guido Setti’. Depois de começar no colégio Salesiano – Oficinas de S. José, em Lisboa, estuda Filosofia e Teologia já nos Salesianos do Estoril, começando a dar aulas de desenho, matemática, química e geometria descritiva no início dos anos 40. Dedicou-se também à pintura, à escultura e à eletrónica.
Nesta altura, um grupo de alunos, fascinados pelos feitos das Seleções Nacionais de Hóquei em Patins pelos Europeus e Mundiais, lança um desafio de criar uma equipa de hóquei em patins na Escola.
Em 1951, faz a sua ordenação e recebe destes alunos como prenda, uns patins, um setique e uma bola, levando-o então a decidir levar este desporto e a sua aprendizagem muito mais a sério.
Em 1952, aceita um convite para abrir uma missão num colégio Salesiano em Moçambique, e fica ainda mais motivado pela notícia da existência de um ringue bom para a modalidade na zona. Conseguiu lá grandes feitos e, quando voltou a Portugal, em 1957, mais de metade dos atletas de Lourenço Marques já lhe tinham passado pelas mãos.
De volta aos Salesianos do Estoril, decide reanimar o Hóquei em Patins e, em 1960, depois de boas conquistas, e dada a contrariedade de ver os seus atletas ‘convidados’ para outro clube da linha, decide que só continua com um clube federado. A 20 de março de 1961, nasce a Associação da Juventude Salesiana. Após 2 anos de gestação, a AJS começa a marcar presença no Hóquei Patins, ganhando a dupla de Campeões Regionais e Nacionais em Juniores em 1963.
Além das vitórias nas principais competições, a Juventude Salesiana forneceu vários jogadores às Seleções Nacionais, que, no decorrer das respetivas carreiras, ajudaram os clubes para onde transitaram mais tarde nas conquistas das maiores competições nacionais e internacionais. Nomes como Chana, Sobrinho, José Virgílio, Picas, Piruças, Raul Pereira, Artur Agostinho, Filipe Gaidão, Pedro Simões, Carlos Santos, João Paulo, Favinha e Tiago (Bubu), entre muitos outros, ficaram na história da modalidade.
No dia em que o Padre Miguel faria 100 anos de vida, com a inauguração, no Estoril, do Passeio Padre Miguel (junto à Avenida Aida), a sua memória será perpetuada como exemplo de um grande homem, com enorme capacidade de trabalho, com um grande sentido de justiça, com vincada personalidade, dotado de uma inteligência superior, com um foco e determinação na formação de ‘campeões’ no desporto, mas, acima de tudo, campeões para a vida. Foi um exímio professor, treinador e pedagogo para milhares de alunos dos Salesianos do Estoril e centenas de atletas que passaram pela Juventude Salesiana, formados dentro dos princípios cristãos e de Dom Bosco, pela educação e pelo desporto como um todo, e cuja influência persistiu ao longo das suas vidas. Tal como referiu o Padre Miguel, «a formação dos atletas sempre se baseou na camaradagem e amizade. Não se trata de um clube para a luta e com único princípio de vitória e campeonismo».