Mais de 18% das crianças e jovens em Portugal viviam em situação de pobreza, em 2022. A conclusão é do estudo da Pordata, realizado no âmbito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.
“Foi entre os mais velhos (65 ou mais anos) e o grupo das crianças e jovens (menos de 18 anos) que a taxa de risco de pobreza mais diminuiu (-3,1 p.p. e -1,9 p.p.). Contudo, são estes os grupos etários que evidenciam maior vulnerabilidade, já que apresentam taxas de risco de pobreza superiores ao conjunto nacional (17%, entre as pessoas com 65 ou mais anos, e 18,5% entre as crianças e jovens”, salienta.
E refere que, em 2021, o risco de pobreza diminuiu, independentemente dos diferentes grupos etários, condições perante o trabalho e composição das famílias. No entanto, registou-se um aumento em 1 p.p. do risco de pobreza entre as famílias compostas por dois adultos e duas crianças (de 11,8% para 12,8%).
O documento diz ainda que o salário mínimo atual vê o poder de compra baixar para 678 euros e, por outro lado, aumentou o número de pessoas sem capacidade financeira para assegurar uma refeição de dois em dois dias.
“A proporção de população que afirmou ser incapaz de aquecer convenientemente a casa aumentou de 16,4% para 17,5%, entre 2021 e 2022: Portugal foi o 4.º país da União Europeia, ao lado da Lituânia, com maior proporção de pessoas a expressar esta incapacidade. Também subiu ligeiramente a proporção da população sem capacidade financeira para assegurar uma refeição de carne, peixe ou equivalente vegetariano de 2 em 2 dias (de 2,4% para 3%) e de pessoas sem capacidade para pagar uma semana de férias por ano, fora de casa (de 36,7% para 37,2%). No início de 2022, 29,9% das pessoas não tinham capacidade para assegurar o pagamento de despesas inesperadas e 6,1% afirmaram ter atrasos em algum dos pagamentos relativos a rendas, prestações ou créditos”, acrescenta o estudo.
Quanto ganham os portugueses?
Em 2021, de acordo com as declarações do IRS entregues todos os anos pelos agregados fiscais, mais de um terço dos agregados (36%) viviam, no máximo, com 833 euros brutos mensais. Se acrescentarmos o escalão de rendimento imediatamente a seguir, conclui-se que mais de metade das declarações (53%) correspondiam a rendimentos até aos 1.125 euros brutos mensais.
“De salientar ainda que 688 mil agregados fiscais se encontravam no escalão mínimo de IRS (até cinco mil euros anuais, equivalente a 417 euros mensais), apesar da descida de 6,5% face ao ano anterior (-48 mil agregados fiscais)”, salienta o documento.
Já em termos de distribuição dos rendimentos declarados, os 20% dos agregados fiscais mais ricos ganharam 3,5 vezes mais que os 20% dos agregados mais pobres. Em concelhos como Lisboa, Porto, Oeiras e Cascais, a diferença é de 5 vezes mais.
Quanto ao salário mínimo nacional também vê na prática o seu poder de compra baixar para os 678 euros.
“Em setembro de 2023, os produtos do cabaz de compra representativos das despesas das famílias, estiveram, em média, 12,2% mais caros do que no início de 2022. Atualmente, com um salário de mil euros, conseguimos comprar apenas as mesmas coisas que, no início de 2022, comprávamos com 892 euros, havendo, assim, uma perda de poder de compra de 108 euros. O salário mínimo, fixado em 760 euros, vê reduzir o seu poder de compra para 678 euros e as pensões mínimas para 260 euros”, salienta.