David Beckham é muito mais do que aquilo que fez nos relvados. É uma das maiores máquinas de marketing, logo a seguir à estrela da NBA Michael Jordan. Reúne todas as qualidades de um ícone: beleza, talento, estilo e personalidade, a que se junta o facto de ser marido de uma popstar. É uma estrela mundial que tem o toque de Midas.
Tudo isso levou a Netflix a fazer o documentário Beckham, que está disponível desde 4 de outubro, sobre um dos melhores jogadores da história do futebol e ícone masculino do século XXI. Realizado por Fisher Stevens – em 2010 ganhou o Óscar para o melhor documentário com o filme The Cove – retrata de uma forma leve a vida do garoto que nasceu há 48 anos no bairro de Leytonstone, no nordeste de Londres, a sua carreira como futebolista, o casamento com a Spice Girl Victoria Adams, a vida em família com os quatro filhos, bem com a sua passagem pelo mundo da moda.
A série da Netflix “pinta” um retrato brilhante do jogador, mas também do homem, e não esconde os momentos mais difíceis da vida de Beckham como a zanga com Sir Alex Ferguson, que considerava o segundo pai, o suposto escândalo de infidelidade e a depressão. No documentário ficamos a saber que Beckham tem vários hobbies como colecionar e montar Legos, comprar relógios de marca e fazer apicultura. Descobrimos também uma senhora Beckham diferente na fase de depressão do marido, após o Mundial de 1998. A imagem fria e distante de Posh, figura que encarnou na girl band, deu lugar a uma mulher mais humana.
O documentário tem imagens do arquivo pessoal do casal, que nunca foram vistas, bem como entrevistas com Beckham, com elementos da família, amigos e ex-companheiros, caso de Eric Cantona, Rio Ferdinand, Gary Neville, um dos melhores amigos de Beckham, Roy Keane, Paul Ince, Luís Figo e Cristiano Ronaldo. Foi capitão da seleção inglesa, vencedor da “triple crown” pelo Manchester United, fez parte dos famosos Galácticos do Real Madrid e venceu o campeonato francês antes de rumar para os EUA onde fez grande furor nos LA Galaxy. Depois de deixar o futebol tornou-se um homem de negócios de sucesso, ícone da moda e agora é proprietário de um clube de futebol nos Estados Unidos, o Inter Miami.
Os episódios seguem uma linha cronológica: é por aí que descobrimos um David Beckham ambicioso, que procurava o mediatismo desde muito jovem, mas também um perfeccionista e viciado no trabalho. No primeiro episódio, ‘O Pontapé’ (72 minutos), está em destaque o golo histórico que colocou Beckham no caminho da fama em 1996. A vida de luxo e os contratos com prestigiadas marcas aumentaram a sua popularidade… e atraíram uma certa Spice Girl em 1997. No segundo episódio, ‘Vermelho de raiva’ (66 minutos) o tema forte é o Campeonato do Mundo de 1998, a fase de depressão, as ameaças de morte por parte dos adeptos ingleses e o nascimento do primeiro filho. O episódio três, ‘Bolas de Ouro´ (70 minutos), relata o esforço de Beckham para equilibrar a vida familiar, a relação tensa com Sir Alex Ferguson e a adaptação ao Real Madrid. No quarto e último episódio, ‘O que motiva o David´ (77 minutos) David e Victoria recordam as atribuladas passagens do jogador pelo Real Madrid, LA Galaxy, Milan e Paris Saint-Germain, e falam sobre o presente. A série termina com um churrasco, muita música e uma partida de futebol com a mulher e filhos, como numa família normal.
A série ilustra também a mudança de paradigma no futebol mundial. Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, que o contratou em 2003, não fez segredo disso: «multiplicámos o nosso rendimento por três».
As estrelas do futebol transformaram-se em ídolos, cuja imagem é exposta em campanhas publicitárias e nas revistas de moda, os futebolistas ganharam um novo glamour. Em 2007, quando Beckham assinou pelos Los Angeles Galaxy, foi normal ver a estrela do futebol na mesma festa onde estavam Tom Cruise, Will Smith e Stevie Wonder