A marca italiana tem uma longa história no desporto automóvel. Na década de 50 destacou-se ao vencer a exigente Pan-Americana e as míticas Mille Miglia, e marcou presença na Fórmula 1, ao lado da Ferrari. Contudo, a morte de seu piloto Alberto Ascari, no circuito de Monza em 1955, fez com que a Lancia deixasse as corridas. Foi preciso esperar até aos anos 70 para voltar a ver um carro da marca em competição, primeiro com o Fulvia, depois com o Stratos e a seguir o Lancia 037.
Quando a federação internacional decidiu introduzir, em 1982, os carros de grupo N, A e B, a história dos ralis começou a mudar. O grupo Fiat estava habituado a ganhar títulos mundiais com o 131 Abarth e reagiu apresentando um verdadeiro protótipo de estrada da Lancia com o código interno 037, um carro leve e ágil, com motor central e tração traseira. A homologação em Grupo B exigia a produção de 200 carros de estrada para venda ao público, os outros 20 carros chamados “evolução” eram destinados exclusivamente à competição. A versão de estrada com motor sobrealimentado por compressor volumétrico desenvolvia 205 cv.
Com base na experiência adquirida em pista com o Lancia Beta Montecarlo de grupo 5, a Abarth, braço armado do Grupo Fiat para a competição, e a Pininfarina projetaram e desenvolveram o 037. O primeiro protótipo apareceu em 1980, tinha por base o Montecarlo, um coupé compacto com motor central, ao qual foram adicionadas estruturas tubulares dianteira e traseira, suspensões sofisticadas e uma caixa manual de cinco velocidades.
O motor de quatro cilindros 2.0 foi montado em posição longitudinal central para garantir a estabilidade a alta velocidade. O motor tinha sido usado nos Fiat 124 Spider e 131 Abarth e no Beta Montecarlo, e foi otimizado pela Abarth para este modelo. Com a introdução do compressor volumétrico o motor tinha resposta brutal a todos os regimes e a potência chegou aos 310 cv.
A carroçaria muito estilizada era fabricada em poliéster com reforços em fibra de vidro. O interior minimalista e racional era próprio da competição, enquanto alguns apêndices aerodinâmicos no pilar e na traseira elevavam ainda mais o seu desempenho.
O Rally 037 teve uma carreira de sucesso nos ralis entre 1982 e 1985. Participou em 27 ralis do Mundial, venceu seis, e conquistou o título mundial de construtores em 1983, foi a última vez que um carro de duas rodas motrizes foi campeão. Ao volante do 037 Rally passaram os melhores pilotos do mundo, caso de Markku Alen, Walter Röhrl, Massimo Biasion e Attilio Bettega, este último viria a morrer ao volante de um 037 na Volta à Córsega em 1985.