Não será justo associar a solidariedade a uma única época do ano sobretudo porque os portugueses já deram provas de que, quando é preciso, não há missões impossíveis. E se tudo aumenta – dos preços das casas ao preço do pão – a vontade de colaborar parece ir no mesmo sentido. Apesar das adversidades, a resposta coletiva já se provou quase imediata em diversas ocasiões, muitas vezes com quantias significativas alcançadas através de plataformas de crowdfunding ou em iniciativas próprias nas redes sociais. Podia dizer-se que a facilidade com que hoje em dia se faz o dinheiro circular também ajuda, mas nada se conseguiria sem a atenção, intenção e disponibilidade.
É certo que neste campo as burlas são cada vez maiores, mas também é cada vez mais fácil identificar umas e outras. Até porque sendo a capacidade de ajudar limitada, a seleção acaba por ser obrigatória – e nestes casos muitas vezes fazem a diferença as campanhas de marketing que nos levam a acreditar que o contributo vai ser canalizado para os fins anunciados. No final de contas, quase todos contribuem convictos de que se mudar a vida de alguém já valeu a pena.
Também nas ruas várias associações/organizações vão tentando abordar quem vai e vem num passo apressado para dar a conhecer o trabalho que desenvolvem, apresentando depois valores que, embora possam parecer simbólicos, se tornam incomportáveis quando a regra passa pelo débito mensal, não sendo sequer possível contribuir com uma quantia única. Naturalmente que nada se muda se não houver um esforço conjunto – e quase sempre, se não sempre, isso depende de questões financeiras – mas contribuir sem um compromisso fixo não deve ser a exceção à regra. Muito menos uma impossibilidade…