Louvre compra obra-prima da pintura portuguesa

No verão de 2022, o Louvre já tinha dedicado uma exposição aos chamados Primitivos Portugueses, também ela promovida por Phillipe Mendes.

Uma estreia absoluta: nunca o Museu do Louvre, em Paris, tinha comprado uma pintura portuguesa. Trata-se de Ressurreição de Cristo, um painel pintado por volta de 1530-1540, e atribuído a Garcia Fernandes e Cristóvão de Figueiredo, dois nomes cimeiros do Renascimento nacional. O processo da compra envolveu “mais de seis meses de trabalho”, revelou o vendedor, o galerista luso-francês Philippe Mendes. “Apresentei-a na Tefaf [a feira de arte e antiguidades de Maastricht] em março, o Louvre viu-a e reservou. Depois era preciso convencer os conservadores que votam na comissão de aquisição”.

Mendes, que conquistou notoriedade mundial com a descoberta de uma pintura de Delacroix em 2019, em 2016 já tinha oferecido ao Louvre um quadro de Josefa d’Óbidos (adquirido num leilão da Sotheby’s de Nova Iorque), com a intenção de mais tarde vir a ali ser criada uma sala dedicada à pintura portuguesa.

Sobre a Ressurreição de Cristo, o galerista recordou: ”Foi preciso ainda identificar a proveniência do quadro, procurar onde esteve durante a Segunda Guerra Mundial, obter os documentos para sair do território”, o que descreve como “uma luta”.

Não é a primeira vez que a obra troca de mãos nestes últimos anos: em 2021 tinha sido vendida pela leiloeira Veritas, mas, segundo Mendes, com uma atribuição errónea a Diogo Contreiras.

A pintura foi depois levada para limpeza na mesma oficina que restaura as pinturas de Leonardo da Vinci do museu parisiense.

Note-se que, no verão de 2022, o Louvre já tinha dedicado uma exposição aos chamados Primitivos Portugueses, também ela promovida por Mendes.