Ladroagem

Quem com uma mão dá e com a outra tira, não tem perdão!

É exactamente isto que o governo pretende fazer através deste malfadado orçamento que nos vai ser imposto.

Com alarido e pompa, vieram-nos pregar a boa nova de que as auto-estradas do interior vão ter uma redução nas portagens, medida que, segundo o que nos foi vendido, terá como intenção atenuar as dificuldades económicas das populações mais isoladas dos grandes centros urbanos.

Mas, como não à bela sem senão, e porque dinheiro é luxo que não abunda nos cofres do Estado, para que uns possam usufruir desta benesse que lhes vai ser concedida, outros vão ter que a pagar.

Nada a que não estejamos habituados porque, como bem sabemos, o socialismo não produz riqueza, bem pelo contrário, a sua especialidade é mesmo desbaratar o erário, ou seja, o dinheiro que é pertença do contribuinte e não dele.

E é com recurso a este subterfúgio que temos sido governados nas últimas décadas: como a economia e as finanças estão pelas ruas da amargura, graças à incapacidade de governação de quem se tem alternado na rédeas do poder, gere-se o pouco que se tem, retirando de um lado para o alocar num outro.

Se dúvidas houvesse quanto a esta prática comum nos dias de hoje, basta atentar-se ao orçamento que, brevemente, será aprovado pelo rebanho do PS que pasta na casa da inércia, o tal estabelecimento a que alguns apelidam de casa da democracia.

Também em clima de festa, Costa apregoou aos sete ventos que o governo vai baixar o IRS, aliviando, dessa forma, a carga fiscal dos portugueses.

Mais uma grande mentira!

O que vai acontecer é precisamente o contrário, porque para compensar a diminuição de um imposto directo, vão-se agravar, e de forma significativa, os impostos indirectos.

Os ganhos serão bem superiores às perdas.

Basta ler o documento para se retirar essa conclusão.

No próximo ano, os portugueses vão usufruir da maior carga fiscal de que alguma vez foram vítimas, rondando os 38 % daquilo que auferem através do salário.

Um assalto descarado aos bolsos dos contribuintes.

Quanto à oferta relativa às auto-estradas pelas quais só se aventuram aqueles  que preferem essa comodidade, porque têm sempre a alternativa das estradas nacionais, tornou-se imperativo sacar essas verbas de uma outra rubrica, recorrendo-se a uma actividade à qual não nos é permitido contornar.

Uns garotos, daqueles que povoam os gabinetes ministeriais como assessores disto e daquilo, mas que, durante a sua existência terrena, nunca exerceram qualquer ofício com relevância reconhecida, lembraram-se de uma ideia diabólica, imediatamente comprada pelos seus chefes de fila.

Vamos aumentar o imposto único de circulação, vulgo IUC, dos automóveis com mais de 16 anos de registo.

Como são às centenas de milhar, o dinheiro que vamos arrecadar supera, em larga escala, o que vamos perder nas portagens das auto-estradas do interior.

Esta miudagem, que nunca passou por dificuldades, porque sempre tudo lhes caiu do céu sem que, para isso, tivessem que mexer uma palha que fosse, desconhece por completo o que é viver com pouco, pelo que o sofrimento alheio lhes é indiferente.

Esta medida, que para poder obter melhor acolhimento por parte da opinião pública invocou-se como assumida em nome das causas ambientais, vista como um incentivo à renovação da frota automóvel, somente vem afectar todos quantos se defrontam com um nível de vida mais empobrecido.

O ambiente serve como justificação para tudo, até para se roubar aos que têm menos posses!

Naturalmente que ninguém tem um carro velho só pela adrenalina de ficar parado numa estrada qualquer, devido a uma arreliadora avaria, ou simplesmente pelo prazer de poluir a atmosfera.

Por mais ameaças que o Estado lhes faça para despacharem o seu veículo para abate, não o vão fazer e por uma razão muito simples, a de que aquilo que ganham não lhes permite adquirir um carro novo, nem tão pouco um usado com poucos anos de serviço.

Há ainda a considerar os automóveis de colecção, que raramente se fazem à estrada, pelo que praticamente não poluem, bem como quem tentou a sua sorte junto de uma marca de topo, tendo como expectativa ter um carro para a vida, e agora o Estado insiste para que ele o troque por um outro, apesar de aquele ainda estar como novo.

É a sociedade de consumo desenfreado, assente num capitalismo selvagem, em que o estar se sobrepõe ao ser, e na qual ocupamos agora a nossa vivência.

É comprar, usar, deitar fora e comprar de novo! Nada se conserta, tudo se substitui!

Mas, por mais estúpida e injusta que esta medida se revele, a arrogância que a maioria absoluta confere ao partido do saque, leia-se PS, vai prevalecer, razão pela qual o ministro das finanças já veio a terreiro reafirmar que o aumento do IUC não está em discussão.

Deu-se ainda ao luxo de nos aldrabar sem qualquer pudor, ao procurar nos impingir a ideia de que são apenas dois euros por mês que teremos de pagar a mais, esquecendo-se de nos informar que para os próximos anos estão agendados aumentos exponenciais, os quais vão resultar em despesas insuportáveis para quem já tem as suas contas bancárias quase a zeros.

E o governo não se vai ficar por aqui, tendo em conta que já pairam no ar ameaças efectivas quanto ao agravamento do IMI.

Pois claro, alguém tem que financiar os projectos de construção megalómanos de novos edifícios camarários, bem como as intermináveis rotundas, pois elas não se fazem sozinhas!

E as festas populares, em que se gasta à fartura, também têm que ser pagas, e o povinho, que tanto nelas se diverte, nem se apercebe que é dos seus bolsos que sai a respetiva factura!

É a ladroagem à solta, espoliando o contribuinte até o deixar na miséria total.

O socialismo vive num permanente conflito com a propriedade privada, pelo que a solução passa por taxá-la cada vez com maior intensidade.

Existe excedente orçamental, fruto da elevada carga fiscal a que fomos condenados.

Mas esse não pode ser utilizado em benefício de um maior conforto dos portugueses, pois destina-se ao pagamento da dívida externa.

É este o retrato do Portugal de Abril. Um pedinte, sempre com a mão estendida e vivendo das generosas contribuições de quem mais trabalha e produz.

E as gerações vindouras que paguem a crise!