Lawrence Faucette. Segundo transplante de coração de porco

1965-2023. Quando o corpo rejeita o coração

Morreu o segundo ser humano a receber um transplante de coração de porco geneticamente modificado. Lawrence Faucette, de 58 anos, morreu na terça-feira seis semanas após o procedimento. O anúncio segue-se à morte, em março do ano passado, de David Bennett, o primeiro homem a viver durante dois meses com um coração de porco transplantado.

Segundo o The Guardian, o Centro Médico da Universidade de Maryland, nos EUA, onde a cirurgia experimental foi realizada, já explicou que o coração começou a mostrar sinais de rejeição nos últimos dias: «O último desejo do Sr. Faucette era que aproveitássemos ao máximo o que aprendemos com a nossa experiência, para que outros possam ter a garantia de um novo coração quando um órgão humano não estiver disponível. Depois, disse à equipa de médicos e enfermeiros que se reuniram à sua volta que nos amava. Sentiremos muito a sua falta», afirmou em comunicado Bartley Griffith, diretor clínico do Programa de Xenotransplante Cardíaco da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland, que realizou a cirurgia.

De acordo com a BBC, o homem foi considerado inelegível para um transplante de coração humano devido a uma doença vascular periférica, que reduz a circulação sanguínea.

Depois da cirurgia, Faucette, casado, pai de dois filhos e veterano 20 anos na Marinha, respirava sozinho e o seu coração funcionava sem quaisquer dispositivos de suporte. «A minha única esperança real é optar pelo coração de porco, o xenotransplante», disse alguns dias antes do procedimento.

Segundo a mesma publicação, o porco geneticamente editado utilizado neste procedimento foi fornecido pela Revivicor, uma subsidiária da United Therapeutics, uma das várias empresas de biotecnologia na corrida para desenvolver órgãos de porco adequados para potencial transplante humano. Na manhã da cirurgia, a equipa de transplante retirou o coração e o colocou-o numa  Heart Box XVIVO, do tamanho de um micro-ondas, que mantém o órgão preservado em solução oxigenada rica em nutrientes.

A BBC lembra ainda que os porcos possuem um gene que produz uma molécula não encontrada em humanos que desencadeia uma «resposta imunológica imediata e agressiva em humanos».