Alemanha anuncia restrições à imigração a partir do próximo ano

Redução das ajudas financeiras, redução dos prazos para análise dos pedidos de asilo e controlo das fronteiras são algumas das medidas adotadas.

A Alemanha anunciou uma série de medidas, a vigorar a partir do próximo ano, para tornar o país menos atraente para os migrantes. As medidas foram apresentadas esta terça-feira em conferência de imprensa pelo chanceler germânico, Olaf Scholz, acompanhado pelo chefe do governo regional da Baixa Saxónia (norte), Stephan Weil, e pelo de Hesse (oeste), Boris Rhein.

No final de uma maratona de reuniões – que começou na tarde de segunda-feira e terminou durante a madrugada de terça-feira — os responsáveis explicaram como pretendem tornar o país menos atrativo para migrantes. Redução das ajudas financeiras, redução dos prazos para análise dos pedidos de asilo e controlo das fronteiras são algumas das medidas adotadas.

A decisão foi tomada na sequência de os municípios responsáveis pelo acolhimento de um milhão de ucranianos no ano passado e de um afluxo de migrantes do Médio Oriente e de África este ano terem-se queixando e “feito soar” um alarme. Os municípios alegaram ter atingido os seus limites orçamentais com os custos de acolhimento dos migrantes e exigiram mais dinheiro ao Estado federal.

Em paralelo, a decisão do governo prende-se com a preocupação que a situação trás em benefício do partido de extrema-direita, o AfD (Alternativa para a Alemanha), como demonstrou o aumento de votações que registou nas duas eleições regionais, a última das quais aconteceu no início de outubro.

A Alemanha recebeu, nos nove primeiros meses deste ano 92.119 migrantes não autorizados, o número mais elevado dos últimos sete anos. No ano passado, 91.986 pessoas entraram no país ilegalmente, quase o dobro dos 57.637 que o fizeram em 2021, e pouco menos do que os 111.843 de 2016, ano da chamada “crise dos refugiados”. 

O chanceler alemão, Olaf Scholz, já tinha anunciado, numa entrevista à revista Spiegel, a intenção de tomar medidas mais duras contra os requerentes de asilo rejeitados e de limitar a imigração irregular para a Alemanha. “Devemos expulsar de uma vez por todas aqueles que não têm o direito de permanecer na Alemanha em grande escala”, declarou.