Por vezes ou andamos distraídos ou simplesmente ignoramos a realidade. O país viveu em regime totalitário e autocrático com governantes que durante quase meio século nunca foram eleitos. A Revolução de Abril de 1974 levou à destituição desse regime por um regime democrático, foi difícil, mas conseguido com a coragem dos militares.
A democracia tem-nos dado tantas coisas boas, sendo a principal, a conquista do direito à nossa opinião, sem represálias. Mas se tudo isto é uma realidade, porque existe tanto descontentamento e desilusão nos portugueses? Talvez esta resposta esteja direcionada para os partidos políticos que vivem essencialmente das suas clientelas e quando chegam ao Governo pouco importa a competência porque os lugares serão ocupados por esses militantes.
Desde que temos o regime democrático em Portugal, existiram e existem muitos partidos políticos, mas só dois, PS e PSD têm feito alternância de Governo. A explicação é fácil, porque tiveram na sua fundação dois líderes, Mário Soares e Francisco Sá Carneiro, personalidades de grande dimensão intelectual e política com colaboradores de enorme competência, explorando o mesmo espaço político, o Centro e assim se consolidou a alternância destes dois partidos no Governo.
Hoje os líderes e comissões políticas destes dois partidos são respeitados como foram os seus fundadores? Não são. Começando pelo PS. António Costa é um político de enorme talento, muito hábil e prestigiado na Europa e nos países emergentes China, Brasil, Índia e África do Sul. Mas tendo todos estes atributos o que o levou a ser tão negligente na escolha dos seus amigos para o Governo, muitos tão incompetentes e pouco recomendáveis em seriedade.
António Costa com este procedimento, não só mergulhou Portugal numa crise profunda, como andou a achincalhar o Presidente da República, gozando-o ao pôr um desbocado ‘Persona non grata’ a fechar apresentação do Orçamento de Estado. Sinceramente Senhor primeiro–ministro, falhou e agora têm o resultado da sua conduta.
Mário Soares e Sá Carneiro, nunca quiseram o despotismo, eles idealizaram um país democrático com alternância. O partido mais votado formava Governo, o segundo partido abstinha-se no primeiro orçamento. Infelizmente em 2015 António Costa alterou este entendimento.
O Senhor Presidente da República tem agora a oportunidade de chamar os dois maiores partidos da alternância governativa, e exigir um entendimento no sentido de formar Governo, o partido mais votado e acabar com ‘arranjos’ na Assembleia da República.
O momento é muito delicado. A composição de forças políticas representadas na Assembleia da República, as sondagens e a opinião pública, demonstram que sem esse acordo, dificilmente o PS ou o PSD formam Governo sem a inclusão ou apoio de outros partidos.
Eu não ponho em causa nem desvalorizo a existência de outros partidos, todos eles foram legitimados pelo voto. Mas o PS e o PSD, tem a obrigação de continuar o legado dos fundadores. Com eles a extrema-direita e extrema-esquerda, nunca seriam solução, mas sim o problema.
O Estado Novo, teve um regime de ditadura que durou 48 anos, a democracia também já tem 49 anos. Será que está acabar a sua validade? PS e PSD não adormeçam.