Pedro Sánchez justificou esta quarta-feira a amnistia de independentistas catalães como a via para recuperar a convivência entre os espanhóis. O socialista disse ainda que esta é também a forma de garantir um governo “de progresso” em Espanha face à ameaça da “direita reacionária”.
“A convivência foi um dos princípios norteadores da Constituição e da transição. E agora nós devemos fazer o mesmo e impulsionar a convivência e o perdão. Não apenas para conquistar uma legislatura de progresso, embora também, mas para apostar num futuro de reconciliação e de concórdia”, disse o líder do partido socialista espanhol (PSOE).
Sanchéz falava na abertura do debate parlamentar de dois dias para a sua reeleição como primeiro-ministro de Espanha, para qual conta com o apoio de partidos independentistas da Catalunha, com quem negociou uma amnistia para os envolvidos numa declaração unilateral de independência em 2017.
O político realçou que há independentistas em várias regiões do país e considerou que ficou provado, no caso catalão, que a melhor forma de garantir uma Espanha unida não é com “a receita do Partido Popular”, que então governava. Segundo Sanchéz, o executivo popular optou pela “imposição e crispação social”, levando à fratura de 2017, “com as ruas de Barcelona incendiadas” e as “pontes políticas destruídas”.
O socialista defende que se deve lidar com o independentismo com diálogo e insistiu que desde que o PSOE assumiu o governo, em 2018, o caminho do “reencontro e do diálogo”, que já passou por indultos a separatistas que estavam presos, provou dar frutos. Sanchéz argumentou que não houve nestes cinco anos incumprimento da Constituição em qualquer região de Espanha.
Sánchez lembrou ainda que o PP também negociou acordos com nacionalistas bascos e catalães para assegurar o governo de Espanha e sublinhou que concedeu centenas de indultos, incluindo a elementos de organizações da Catalunha já extintas que tinham sido condenados por terrorismo. “Não insultem a memória dos espanhóis, não aproveitem a situação para incendiar mais e questionar a legitimidade de qualquer governo que não seja do PP”, afirmou, dirigindo-se às bancadas da direita.
O candidato do PSOE acrescentou que face “às direitas reacionárias e retrógradas” do PP e Vox, que querem “meter as mulheres na cozinha, as pessoas LGBT nos armários e os migrantes em campos de refugiados”, a opção é um novo governo apoiado por partidos “com diferenças importantes”, mas que partilham o desejo de fazer o país avançar.
O PSOE foi a segunda força mais votada nas legislativas de 23 de julho e Sánchez prepara-se para ser reconduzido chefe do Governo com o apoio de oito partidos de esquerda e direita, regionalistas, nacionalistas e independentistas.
Os socialistas vão assumir o governo em coligação com o Somar, uma plataforma de 15 partidos e movimentos à esquerda dos socialistas, liderada pela atual ministra do Trabalho, Yolanda Díaz.