À medida que os retalhistas se preparam para as festas de fim de ano, a inflação persistente, as taxas de juro elevadas e as incertezas sobre os rendimentos estão a levar muitos consumidores a cortar nos gastos, a fazer concessões e a ser criativos na forma como gastam o seu dinheiro. Esta é uma das principais conclusões do 17.º Inquérito Anual sobre as Compras de Natal da Accenture.
O estudo – realizado a mais de 1.500 consumidores – revela que seis em cada 10 consumidores já estão – ou planeiam – reduzir a oferta de presentes a familiares e amigos próximos devido a restrições orçamentais, aumentando para 69% no caso de familiares e amigos alargados. Além disso, pouco mais 52% dos consumidores já concordaram – ou planeiam concordar – em não trocar presentes com outros adultos.
“O atual ambiente económico está a ter um impacto na confiança dos consumidores, resultando no que poderá ser o aparecimento de compradores muito mais ponderados, que podem ser descritos como ‘pragmáticos criativos’ – que, apesar de estarem cientes da realidade de que poderão ter de fazer cortes em algumas áreas, estão também a encontrar formas inovadoras de otimizar o valor disponível para as épocas festivas de final de ano, como a compra de materiais para fazer presentes caseiros”, diz Jill Standish, senior managing director da Accenture, acrescentando que “os retalhistas devem estar dispostos a repensar as estratégias testadas e comprovadas do passado e concentrar-se em obter uma informações baseadas em dados de cada consumidor individual e, em seguida, usar essa visão para ajudar a reduzir a complexidade da experiência de compra, construir confiança e melhorar a lealdade à marca”.
O estudo revela ainda que 17% dos consumidores dizem que se sentem otimistas quanto à sua situação financeira para a época festiva, e o inquérito mostra que os consumidores planeiam gastar 591 dólares esta época, em média, menos 5% do que no ano passado. Os consumidores com mais de 70 anos preveem gastar 673 dólares, o valor mais elevado de todos os grupos etários, seguidos de perto pelos baby boomers (59-69 anos) que preveem gastar 667 dólares.
“em tempos como este, fornecer uma comunicação consistente e clara sobre as informações de que os consumidores precisam ao fazer compras pode fazer toda a diferença. Significa ser direto quanto ao custo das devoluções, à disponibilidade e às descrições dos produtos. A longo prazo, esta é uma oportunidade para aumentar a fidelidade à marca, que pode perdurar para além da época festiva”, diz Jill Standish.
O estudo diz que existe ainda outra “mudança interessante” à qual os retalhistas podem assistir nesta época que é a “potencial inversão da prolongada época de compras de fim de ano, uma vez que os consumidores referem que tencionam começar a comprar de outubro a dezembro”.
“Com os comportamentos dos consumidores em constante mudança, os retalhistas terão de demonstrar níveis cada vez mais elevados de agilidade e capacidade de resposta à medida que enfrentam desafios”, começa por explicar Manuela Vaz, Presidente da Accenture Portugal, acrescentando que “isto inclui a capacidade de afinar as estratégias de marketing e de vendas em tempo real, adaptando-as à medida que as circunstâncias evoluem”.
A responsável acrescenta que, embora alguns retalhistas já estejam a avançar com campanhas de marketing e eventos de vendas do tipo Black Friday, “existe um risco claro de uma corrida inglória em matéria de preços. Os retalhistas bem sucedidos serão aqueles que prestarem ainda mais atenção aos dados dos clientes, assegurando que o marketing e as promoções são direcionados para os clientes e produtos para os quais gerarão o máximo efeito”.