“A palavra que resta”, romance de estreia de Stênio Gardel, vai ser publicado em Portugal pela Dom Quixote no próximo ano. O livro é vencedor do National Book Award, nos EUA, acontecimento inédito na literatura de língua portuguesa.
Com esta estreia, o escritor de 43 anos foi finalista do mais tradicional galardão literário do Brasil, o Prémio Jabuti e conseguiu o feito inédito para a literatura brasileira de vencer o National Book Award, um dos mais conceituados prémios de literatura dos EUA.
“A palavra que resta”, traduzido para inglês com o título “The words that remain”, disputou o prémio na categoria tradução, anunciado quarta-feira passada, com outras nove obras originalmente escritas em árabe, holandês, francês, alemão, coreano e espanhol. A Dom Quixote anunciou entretanto que publicará o livro em 2024.
De acordo com o júri do National Book Award, este romance é uma exploração do desejo ‘queer’, da violência e da vergonha, e do poder transformador da palavra escrita. Em “A palavra que resta”, Stênio Gardel explora o poder universal da palavra escrita e da linguagem, e como estas afetam todos os relacionamentos humanos.
Natural do Ceará, no Brasil, Stênio Gardel lançou em 2021 o seu primeiro romance, que acompanha a trajetória de Raimundo, homem analfabeto que na juventude teve o seu amor secreto brutalmente interrompido e que por cinquenta anos guardou consigo uma carta que nunca pôde ler.
Este ano, o romance vencedor do National Book Award na categoria de ficção foi “Blackouts”, de Justin Torres, enquanto “The rediscovery of America: Native peoples and the unmaking of U.S. history”, de Ned Blackhawk, venceu na não-ficção. “A first time for everything”, de Dan Santat, foi o escolhido na categoria literatura juvenil, e “from incorporated territory”, de Craig Santos Perez, levou o prémio de poesia.
A categoria de literatura traduzida do National Book Awards foi criada em 1967 e perdurou até 1983, premiando autores como Julio Cortazar, Italo Calvino, Bertold Brecht, Paul Valéry, Miguel de Unamuno, Cesare Pavese e Gustave Flaubert, entre outros. O prémio foi retomado em 2018, tendo distinguido no ano passado a escritora argentina Samanta Schweblin pelo livro “Sete casas vazias”.